Antonio Carlos
Egypto
JOAQUIM.
Brasil, 2016. Direção e roteiro
de Marcelo Gomes. Com Júlio Machado,
Isabel Zuaa, Nuno Lopes, Rômulo Braga.102 min.
O alferes Joaquim vive seu tempo no século
XVIII, na colônia dos Brasis, parte do império português. Além de funcionar como um dentista, ou
melhor, um tira dentes para o povo, ele faz viagens perigosas a serviço da
coroa, combatendo contrabandistas de ouro.
A produção do ouro estava em declínio.
Visava, com isso, alcançar a patente de tenente, que lhe permitiria
comprar a liberdade da escrava Preta, por quem estava apaixonado.
É dessa forma que o diretor Marcelo Gomes nos
apresenta o homem que viraria herói nos livros de História. Ao humanizá-lo, nos coloca próximos da figura
de um homem do seu tempo, que acabou se tornando um rebelde anticolonialista.
O cineasta recifense Marcelo Gomes é o mesmo
dos excelentes “Cinema, Aspirinas e Urubus”, de 2005, e “Viajo Porque Preciso,
Volto Porque Te Amo”, em codireção com Karim Aïnouz, em 2009. Já basta para recomendar este novo
trabalho. Mas ainda vale citar, em 2012,
o filme “Era Uma Vez, Eu, Verônica”, outra boa obra dele, ainda que inferior às
anteriores.
“Joaquim” tem uma abordagem diferente,
original, para tratar de um tema histórico tão relevante ao país. Pode servir, também, a objetivos didáticos,
trazendo a história para perto do aluno, tirando a carga pesada e o ranço do comportamento heróico. E ajudando a pensar melhor,
inovar na compreensão e avaliação dos fatos.
Sem grandes astros, mas com atores convincentes, o filme apresenta bons
desempenhos.
MARTÍRIO
O documentário
nacional MARTÍRIO, de Vincent Carelli, que está em cartaz nos cinemas, aborda a
política indigenista dos governos brasileiros junto aos índios Guarani-Kaiowá,
que sempre buscam recuperar suas terras sagradas e são tratados como
invasores. Constatamos que, de Getúlio
Vargas a Dilma Rousseff, pouca coisa mudou no massacre a que estão sujeitas as
populações indígenas frente aos interesses do agora assim chamado agronegócio. O filme é denso e informativo, embora muito
longo. Merecia uma edição mais enxuta, o
que seria mais eficaz para os seus objetivos.
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