Antonio Carlos Egypto
LÉO E BIA. Brasil, 2010. Direção: Oswaldo Montenegro. Com: Paloma Duarte, Françoise Forton, Emílio Dantas, Fernanda Nobre, Pedro Caetano, Pedro Nercessian. 97 min.
Oswaldo Montenegro, cantor e compositor da MPB, também já escreveu, dirigiu e produziu peças teatrais, entre elas, um musical que teve sucesso nos anos 1980: Leo e Bia. Agora, ele se aventura, como diretor e produtor de cinema, com “Léo e Bia”, o filme.
Trata-se de um grupo de sete amigos jovens, vivendo em Brasília, no auge da ditadura militar, em 1973. Ali, eles buscam montar uma peça de resistência à repressão política, que tece comparações entre Jesus Cristo e Lampião.
O filme se concentra todo nos ensaios do grupo, num galpão, sob a liderança de Léo (Emílio Dantas), e vai mostrando em paralelo os relacionamentos que se estabelecem entre eles e as influências externas ao grupo, que influem no trabalho. A maior e mais dramática delas, a que envolve Bia (Fernanda Nobre) e sua mãe (Françoise Forton), obcecada pela filha e figura opressora, que adoece.
A filmagem, num único espaço de ensaios teatrais, revela o “sufoco” em que viviam os jovens atores na cena cultural de Brasília daqueles anos, em que à aridez da temperatura local se somava a opressão da falta de liberdade que asfixiava a vida cotidiana.
Embora o espaço cênico seja totalmente despojado, fechado e único – não varie ao longo do filme -, a câmera se move, o espaço é explorado até em cenas duplas e evocando o que acontece fora de lá. Neste sentido, não é um filme teatral, embora seja um filme sobre teatro.
As músicas de Montenegro vão pontuando a história, a versatilidade dos jovens atores vai colocando movimento em cena e expressões emocionais intensas são apresentadas. Isso dá um dinamismo que contrasta com o claustrofóbico cenário da filmagem, alivia o clima e dá vigor ao filme.