segunda-feira, 24 de abril de 2017

JOAQUIM


Antonio Carlos Egypto




JOAQUIM.  Brasil, 2016.  Direção e roteiro de Marcelo Gomes.  Com Júlio Machado, Isabel Zuaa, Nuno Lopes, Rômulo Braga.102 min.


O alferes Joaquim vive seu tempo no século XVIII, na colônia dos Brasis, parte do império português.  Além de funcionar como um dentista, ou melhor, um tira dentes para o povo, ele faz viagens perigosas a serviço da coroa, combatendo contrabandistas de ouro.  A produção do ouro estava em declínio.  Visava, com isso, alcançar a patente de tenente, que lhe permitiria comprar a liberdade da escrava Preta, por quem estava apaixonado.

É dessa forma que o diretor Marcelo Gomes nos apresenta o homem que viraria herói nos livros de História.  Ao humanizá-lo, nos coloca próximos da figura de um homem do seu tempo, que acabou se tornando um rebelde anticolonialista.

O cineasta recifense Marcelo Gomes é o mesmo dos excelentes “Cinema, Aspirinas e Urubus”, de 2005, e “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo”, em codireção com Karim Aïnouz, em 2009.  Já basta para recomendar este novo trabalho.  Mas ainda vale citar, em 2012, o filme “Era Uma Vez, Eu, Verônica”, outra boa obra dele, ainda que inferior às anteriores.

“Joaquim” tem uma abordagem diferente, original, para tratar de um tema histórico tão relevante ao país.  Pode servir, também, a objetivos didáticos, trazendo a história para perto do aluno, tirando a carga pesada e o ranço do comportamento heróico.  E ajudando a pensar melhor, inovar na compreensão e avaliação dos fatos.  Sem grandes astros, mas com atores convincentes, o filme apresenta bons desempenhos. 


                            MARTÍRIO




 O documentário nacional MARTÍRIO, de Vincent Carelli, que está em cartaz nos cinemas, aborda a política indigenista dos governos brasileiros junto aos índios Guarani-Kaiowá, que sempre buscam recuperar suas terras sagradas e são tratados como invasores.  Constatamos que, de Getúlio Vargas a Dilma Rousseff, pouca coisa mudou no massacre a que estão sujeitas as populações indígenas frente aos interesses do agora assim chamado agronegócio.  O filme é denso e informativo, embora muito longo.  Merecia uma edição mais enxuta, o que seria mais eficaz para os seus objetivos.



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