O FIM DA VIAGEM, O COMEÇO DE TUDO (Tabi No Owari, Sekai No Hajimari), Japão/Uzbequistão,
2018. Direção: Kiyoshi Kurosawa. Com Atsuko Maeda, Shota Sometani, Tokio Emoto,
Adiz Radjabov, Ryo Kase. 120 min.
A jovem Yoko, adulta com aparência de
adolescente, é a personagem que conduz toda a narrativa de “O Fim da Viagem, O
Começo de Tudo”. Uma narrativa
rarefeita, como o próprio momento de vida de Yoko. Ela está num país que desconhece –
Uzbequistão, onde o filme foi rodado – em que não entende uma palavra do que
lhe dizem, mas circula por ele e prepara, com uma equipe de filmagem, matérias
para a TV japonesa. Fica sujeita a uns
tantos micos e a uma insegurança muito
grande, quando não tem o tradutor à disposição.
Ou seja, nos momentos em que não está trabalhando.
A família parece não contar muito para ela,
mas ela tem um grande amor que sustenta sua disposição de viver e
trabalhar. Vai levando tudo numa boa, até
que a notícia de um incêndio de grandes proporções em Tóquio, mostrada na TV,
irá abalá-la.
“O Fim da Viagem...” trata de afetos, do que
sustenta o nosso cotidiano, da rotina e das imposições do trabalho, do sonho de
transformá-lo em realização muito mais plena, da grandeza do amor.
É impressionante a força da cena em que a
jovem canta em japonês Hino ao Amor , de Marguerite Monnot, clássico sucesso de
Edith Piaf, em meio às belíssimas paisagens naturais do Uzbequistão. A sensação que passa é a da universalidade da
vida humana e do amor. Algo que se impõe
sobre toda a diversidade do mundo e supera as barreiras de espaço, tempo e
linguagem.
É muito
interessante como o filme, em sua simplicidade, ancorado num realismo que beira
a banalidade, nos transmite tantas coisas boas, sem ser ingênuo, nem meramente
fantasioso. Dispensa também os grandes
dramas, a exposição da violência ou mesmo do erotismo. Tudo está lá, mas da forma mais sutil
possível.