Antonio Carlos
Egypto
ARTISTA DO DESASTRE (The Disaster Artist).
Estados Unidos, 2017. Direção:
James Franco. Com James Franco, Dave
Franco, Seth Rogen, Alison Brie. 104
min.
Você já esteve numa sessão de cinema em que o
filme, pretendendo lhe mostrar um drama ou aventura, era tão mal feito,
estranho, improvável, mal interpretado, que a plateia se põe a rir e, a partir
daí, tudo vira comédia? É uma experiência
irritante, mas, ao mesmo tempo, muito divertida. E compartilhada!
Há filmes assim, um deles deve ter sido “The
Room”, de 2003, dirigido por Tommy Wiseau, que é objeto de “Artista do
Desastre”. Um filme que, de tão ruim, se
tornou cult. E é visto até hoje em
sessões malditas no cinema. As pessoas
até listam motivos para assistir ao pior filme de todos os tempos. A história real dele comporta muitas dúvidas
e variações. Difícil saber como foi
mesmo que o tal filme surgiu e se concretizou.
Seja como for, o modo como James Franco representa
Tommy Wiseau é estranho e engraçado.
Valeu-lhe o Globo de Ouro como ator de comédia. Em “Artista do Desastre”, Tommy é mostrado
como uma figura absolutamente histérica, sem noção ou limites, sem equilíbrio
nem respeito pela privacidade alheia. E
também sem talento. Mas com
dinheiro. Pelo jeito, muito
dinheiro. Herança milionária? Não fica claro.
O fato é que Tommy se põe a custear o próprio
filme, sem noção do que é dirigir, mas contando com um aspirante a ator, de
quem se torna amigo e mantenedor: Greg Sestero (Dave Franco). Do livro que Greg escreveu é que surgiu a
história contada no filme. Ou seja, ele
teria contado o que viveu e como fez “The Room”, como ator e principal colaborador
do cineasta sem noção. Foi pelo roteiro
adaptado desse livro que “Artista do Desastre” conseguiu sua única indicação ao
Oscar 2018.
A forma como James Franco dirige o filme
enfatiza como um desastre de imensas proporções, com muito dinheiro torrado,
sobrevive por milagre. Ou seja, pela
capacidade que temos de nos divertir com o que é aberrante, mal feito,
ruim. Diante do desastre, melhor relaxar
e gozar. Desse modo, surge uma comédia
sobre esse curioso produto, que é bem divertida.
Já nos créditos finais, são mostradas cenas
originais do “The Room”, em paralelo a suas recriações em “Artista do
Desastre”. A similaridade é
impressionante!