Tatiana Babadobulos
Amizade Colorida (Friends With Benefits). Estados Unidos, 2011. Direção: Will Gluck. Roteiro: Keith Merryman. Com: Mila Kurtis, Justin Timberlake, Patricia Clarkson e Richard Jenkins. 109 minutos
Temas para os filmes de Hollywood são cíclicos. A bola da vez são os relacionamentos sem compromisso entre os jovens casais de 30 anos. Veja o exemplo de “Sexo Sem Compromisso” (“No Strings Attached”), comédia romântica com Natalie Portman e Ashton Kutcher no elenco.
Nesta sexta-feira, 30, estreia "Amizade Colorida" (Friends With Benefits") e mostra ao espectador um perfeito e completo déjà vu, não fosse, caro leitor, o fato de os protagonistas interpretados por Justin Timberlake (de “A Rede Social”) e Mila Kunis (de “Cisne Negro”) terem uma química e um timing muito melhor que os dois anteriores.
Na fita, Jamie (Mila) é uma headhunter (caça-talentos) que convoca Dylan (Timberlake), um excelente diretor de arte de Los Angeles, a viajar até Nova York para entrevista em uma revista de sucesso. Além de trocar o emprego, o rapaz vai precisar mudar de cidade e de estilo de vida. E é aí que Nova York passa a ser mais um protagonista do longa-metragem dirigido, escrito e produzido por Will Gluck.
Como a própria personagem diz, ela vai tentar convencer o candidato a aceitar sua proposta por causa da cidade. A partir de então, os dois, que a princípio se tornam bons amigos, vão passear pela Big Apple, frequentar os restaurantes da moda e deslumbrar a paisagem do alto de um dos prédios. Lá pelas tantas, porém, os dois, que terminaram relacionamentos sérios recentemente, decidem que podem fazer sexo pelo sexo, e não por amor, e juram, com ajuda de uma Bíblia conseguida no iPad (santa modernidade!), que não vão se apaixonar. E daí entra a máxima: “não vamos ficar para não estragar a amizade”.
Mila Kunis, que viveu a arquirrival de Natalie Portman em “Cisne Negro”, empresta sua sensualidade à personagem para seduzir não apenas o rapaz, mas também o espectador, que torce para que eles fiquem juntos, já que parecem ter nascido um para o outro. Entre encontros de amizade, ela acaba conhecendo aquele que poderia ser o seu príncipe encantado, mas também conhece a família de Dylan, como o seu pai (Richard Jenkins, ótimo!), um ex-jornalista que atualmente sofre de Alzheimer. No aeroporto, pai e filho protagonizam uma das cenas mais comoventes do longa.
Com toque de humor, situações provocantes e personagens problemáticos, o filme remete, como o próprio diretor cita no material divulgado para a imprensa, aos protagonizados por Audrey Hepburn (a eterna “bonequinha de luxo”), em uma versão moderna. Fácil lembrar também da personagem de Renée Zellwegger em “Abaixo o Amor”, quando escreve um livro, nos anos 1960, tentando convencer que mulher deve ser independente e não ficar esperando o príncipe de cavalo branco chegar.
“Amizade Colorida” é um déjà vu, sim, não traz nada de novo à cinematografia, mas há algo a mais além das conquistas de corações arrasados e do incremento da cidade onde se passa.