sexta-feira, 8 de agosto de 2025

MONSIEUR AZNAVOUR

Antonio Carlos Egypto

 


MONSIEUR AZNAVOUR.  França, 2024.  Direção: Mehdi Idir e Grand Corps Malade. Elenco: Tahar Rahim, Bastien Bouilon, Camile Moutawaki, Marie Julie Baup.  130 min.

 

Charles Aznavour (1924-2018), artista francês de origem armênia, foi, inegavelmente, um dos maiores portentos da música no mundo e um dos maiores representantes da cultura francesa em todos os tempos.  Grande cantor de longeva carreira e compositor de nada menos do que 850 canções, com um sem-número de sucessos que todos nós conhecemos.  Inclusive os mais jovens que forem bem informados.

 

Uma cinebiografia do artista teria de focalizar com destaque a sua grande obra, acima de tudo.  Isso “Monsieur Aznavour” faz muito bem, partindo do seu começo como criador, chegando com dificuldade às canções mais icônicas, dado o volume do trabalho.  Mas música não falta.

 

Aznavour foi um talento transbordante, mas um trabalhador dedicado e incansável, é o que mostra o filme.  Um artista muito ambicioso, para quem tudo era pouco, e o seu auge ainda incluía dúvidas.  Queria conquistar literalmente o mundo todo, em turnês incansáveis por todas as partes, as mais importantes e significativas do globo.  E essa ambição ficou acima de tudo, da família, dos amigos, do planejamento da carreira.  Dinheiro também era essencial, ele sabia cobrar, a ponto de que, para se satisfazer, precisou alcançar o que seria quase impossível: receber a mesma remuneração que Frank Sinatra, em plenos Estados Unidos da América.

 

Nunca parou de percorrer esse caminho até a morte.  Ele disse que esperava que ocorresse no palco o seu último suspiro.  Isso praticamente aconteceu mesmo.  Morreu em casa, no sul da França, tendo acabado de voltar de uma turnê pelo Japão, aos 94 anos.

 

Sua atuação não se restringiu, apesar de tudo, somente à música.  Vendeu mais de 100 milhões de discos em 80 anos de carreira, mas fez também 60 filmes como ator, ganhou uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood e foi diplomata franco-armênio. 

 


O filme cobre bastante a vida e a importância de Charles Aznavour, incluindo suas mulheres, vida familiar, o drama que acometeu um filho seu e toda a fase que ele viveu artisticamente ao lado de Edith Piaff (1915-1963), que lhe abriu as portas da vida artística, mas preferia mantê-lo como compositor a alavancar sua carreira como cantor.

 

Enfim, há muita informação importante que o filme traz ou tenta contextualizar, numa abordagem cinematográfica do tipo clássica, contada linearmente.  Mas faz jus à imensidão do biografado, e envolve o público.

 

Como complemento, recomendo a leitura de um texto que escrevi em 03/01/2021 sobre o documentário de Marc di Domenico, “Aznavour Por Charles”, aqui, no cinema com recheio.

  https://cinemacomrecheio.blogspot.com/2021/01/aznavour-por-charles.html