Antonio Carlos Egypto
DUETTO (Duetto). Brasil, 2021. Direção: Vicente Amorim. Elenco: Luísa Arraes, Marieta Severo, Gabriel
Leone, Maeve Jinkings, Giancarlo Giannini, Michele Morrone, Elisabetta de Palo.
102 min.
“Duetto” é uma produção
brasileira/italiana, escrita por Rita Buzzar e dirigida por Vicente Amorim, que
conta uma história envolvendo São Paulo e uma pequena cidade italiana na
Apúlia, com elenco dos dois países, falada em português e também em
italiano.
É um melodrama familiar centrado na
figura de Cora (Luísa Arraes), uma adolescente que sofre a perda do pai num
acidente e está em busca de sua identidade, liberdade e maturidade. Essa perda também afeta profundamente as irmãs
Lúcia (Marieta Severo), avó de Cora, e Sofia (Elisabetta de Palo). Sofia está casada com Gino (Giancarlo
Giannini), que vem a ser ex-noivo de Lúcia.
Após 40 anos de separação, as irmãs se encontrarão na Itália, por conta
da possível venda de terras da família.
Para lá irá também Isabel (Maeve Jinkings), mãe de Cora. E por lá os fantasmas que habitam as
histórias desta família haverão de circular.
Para dar um toque especial à narrativa,
faz parte da situação um cantor italiano de sucesso, que se apresentava num
festival de música na localidade, colocando música na conversa e na
tragédia. O ano é 1965, em que o Brasil
acabava de mergulhar na ditadura militar que se prolongaria por 21 anos.
Com esses elementos e um elenco tanto
brasileiro como italiano de altíssima qualidade, Vicente Amorim dirige um
melodrama em tom baixo, beirando o depressivo, e com um bom número de diálogos
lacônicos, a partir sobretudo da personagem de Marieta Severo. Ela deve ter aproveitado a experiência do
exílio italiano com Chico Buarque para se sentir à vontade nos diálogos em
italiano de que participa. Aliás, o
filme vale muito por esse grande elenco.
Tem um excelente ator italiano do porte do veterano Giancarlo Giannini. Elisabetta de Palo e Michele Morrone, que faz
o cantor Marcelo Bianchini, também estão ótimos. Do lado brasileiro, além de Marieta, Maeve
Jinkings, atriz talentosa de muitos bons trabalhos no cinema brasileiro, e
Gabriel Leone estão muito bem nos seus papéis.
O destaque vai para a jovem Luísa Arraes como protagonista, no papel de
Cora.
O enredo inclui algumas surpresas e
mistérios, mas, no final das contas, segue o padrão clássico do melodrama e
caberia muito bem, esticado, numa novela televisiva, que dispensasse os
exageros interpretativos.
As locações na bela região da Apúlia
valorizam o filme, que nos mostra a beleza geográfica do lugar e nos leva a
caminhar pelo belo centro histórico, uma experiência turística,
cinematográfica, nada desprezível.