Antonio Carlos Egypto
Um ano que termina nos leva a desejar
um feliz ano novo, com muito amor e prosperidade. Claro que é o que eu desejo a todos e todas
que me acompanharam por aqui, em 2021.
Mas não é fácil. Temos vivido num
tempo sombrio, em que falar de amor e flor é esquecer que tanta gente está
sofrendo tanta dor, como dizia Bertolt Brecht (1898-1956).
A dor da fome que se alastrou pelo
país e que tem relação direta com a inflação, o desemprego, o desalento. A dor da violência doméstica contra as
mulheres e da violência e morte que atinge sobretudo a população jovem, negra,
pobre e periférica.
A dor dos desastres “naturais”,
provocados pela crise climática, o aquecimento global e a deterioração
progressiva do meio ambiente. A dor dos indígenas, invadidos e contaminados por
mercúrio. A dor da Amazônia, que queima
como nunca.
A dor da perda e morte dos entes
queridos que a pandemia levou. E que no
Brasil atingiu a cifra alarmante de 619 mil mortes. A maioria delas evitável, como demonstrou de
forma cabal a Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado, por conta de um
governo negacionista que trabalhou, e ainda trabalha, contra a vacina. Mas, aos trancos e barrancos, ela chegou aos
braços da maioria das pessoas, graças ao bom senso do povo já acostumado à
cultura da vacinação, que soube se opor às fake
news e estupidezas que rolam por aí.
Isso nos deu um alívio e uma esperança
por aqui, mas as notícias que nos chegam de fora são alarmantes. Ontem, por exemplo, um milhão de pessoas
contaminadas por Covid-19 em todo o mundo, num único dia. E sabemos que, enquanto a África e uma boa
parte da Ásia não estiverem com a maioria absoluta de sua população vacinada, e
falta muito para isso, o mundo não poderá ter sossego. Como todos sabemos, nós não somos uma ilha.
Não vejo no horizonte próximo como esperar que o nosso Brasil se torne melhor e mais justo. 2022 indica um novo ano muito difícil, mas com uma esperança no fim do túnel. Havemos de solidificar nossa democracia para que ela nos possibilite superar essa etapa tão triste de nossa história. E que a partir de então possamos reparar os estragos e construir/reconstruir uma nação digna e fraterna. Aí, sim, com amor e prosperidade.