segunda-feira, 13 de junho de 2016

Chocolate



Tatiana Babadobulos





CHOCOLATE (Chocolat). França, 2015.  Direção: Roschdy Zem.  Com Omar Sy, James Thiérrée.  110 min.


Foi a partir do lançamento de “Intocáveis” que o ator Omar Sy ficou conhecido fora da França. Aliás, não foi apenas depois da estreia do filme, mas, principalmente, após o sucesso naquele país e a repercussão que gerou curiosidade para conhecer a atuação dele na tela grande.

O longa-metragem, sobre o tetraplégico que precisa de um cuidador durante 24 horas, é de 2011, embora tenha estreado no Brasil apenas no ano seguinte. A pré-estreia, porém, foi durante o Festival Varilux de Cinema Francês de 2012.

A edição deste ano do mesmo festival traz aos cinéfilos um outro filme estrelado por Omar Sy. “Chocolate” (“Chocolat”) trata sobre o primeiro artista circense negro na França.

O longa é ambientado no final do século 19, no interior. Rafael Padilha (Sy) chegou ao país depois de ser vendido quando era criança. Nascido em Cuba, em 1868, ele consegue fugir e é encontrado por um palhaço.

Primeiro, ele faz participações nas apresentações do circo como um canibal. E não se importa do papel, pois, mesmo que seja preconceituoso, ele tem uma vida melhor do que a que tinha como escravo.

Mas, depois que conhece o palhaço Footit (James Thiérrée), sua vida começa a mudar. Compondo uma dupla, os palhaços se mudam para Paris e veem tanto o sucesso quanto o preconceito aumentarem.


Omar Sy dá vida ao personagem, mostra seu talento e como se movimenta no picadeiro e no teatro, quando vai interpretar um personagem de Shakespeare. Ainda que a veia cômica seja o seu forte, há cenas dramáticas no longa dirigido por Roschdy Zem que são bem interpretadas, sem ser caricatural.

Em outro filme, “Samba”, este de 2015, Sy vive um imigrante e traz o bom humor que conhecemos de modo simples.
Contar histórias do circo não é novidade, basta lembrar de Charles Chaplin. “O Circo”, por exemplo, é de 1928, quando o cinema ainda não tinha som. O brasileiro Selton Mello lançou, em 2011, “O Palhaço”, uma história sensível sobre o relacionamento do pai e do filho palhaços.

No México, a estrela do circo atendia pelo nome de Cantinflas, no final dos anos 1920. A homenagem sobre a sua história, “Cantinflas – A Magia da Comédia”, foi lançada nos cinemas em 2014. Isso só pra falar de três exemplos.

Chocolate” conta a história de Rafael, mas também toca na ferida do preconceito que existia no final do século 19. E, sem precisar se esforçar demais, é possível ver que muitos narizes torcidos permanecem até hoje.

Depois do Festival Varilux, o Chocolate” deve estrear nos cinemas dia 21 de julho.


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