sexta-feira, 14 de março de 2014

REFÉM DA PAIXÃO


 Antonio Carlos Egypto



REFÉM DA PAIXÃO (Labor Day).  Estados Unidos, 2013.  Direção e roteiro: Jason Reitman.  Com Kate Winslet, Josh Brolin, Gattlin Griffith, Clark Gregg, Tobey Maguire.  110 min.



“Labor Day” é um romance da jornalista Joyce Maynard, de 2009, que fez muito sucesso nos Estados Unidos e acabou virando filme, em 2013, com o mesmo título.  No Brasil, o romance foi lançado pela Rocco, com o título de “Fim de Verão”.  Faz sentido, já que o tal Dia do Trabalho por lá formou um feriado prolongado, que antecedia o início das aulas, no fim de um verão.  O filme, no Brasil, se chama “Refém da Paixão”, ignorando a data ou o período e destacando o fato de que se trata de um drama romântico que se assemelha a uma história de reféns.  Se não forem de fato, serão como apaixonados.  Fica um pouco forçado, mas também dá sentido.




A trama do filme envolve uma história de amor e relacionamento familiar, que se move por trás e apesar das aparências.  Uma mulher reclusa, Adele (Kate Winslet), vive com seu filho Henry (Gattlin Griffith), de 13 anos, uma vida que esconde um passado de dores e traumas relacionados à gestação.  É inusitado que justo para ela se coloque a situação de conviver com um presidiário, Frank (Josh Brolin), que aproveitou o fato de estar num hospital para fugir e acaba pedindo, impondo, sua presença na casa onde ela vive com seu filho.

Isso será algo tão intenso que mudará a existência de todos os envolvidos, com reflexos em toda a pequena cidade onde os fatos se passam.  A história desse relacionamento não será contada, nem por Adele, nem por Frank, mas pelo garoto Henry, já muitos anos mais tarde, porém, lembrando do que viveu nessa época.  E de como era, então.




É o seu ponto de vista, como ele vê as coisas, as sente e o que faz com os dados de que dispõe que compõem a narrativa.  Claro que se trata de um adolescente já um tanto amadurecido pelo tempo em que se dedicou a tentar fazer sua mãe menos deprimida e mais feliz.  Aprendeu a tomar iniciativas na ausência dela e a se virar, saindo de casa apenas para ir à escola ou ao encontro da família do pai (Clark Gregg), de quem Adele se divorciou.  Saía para compras, sozinho ou com a mãe, com a menor regularidade possível, fazendo sempre grandes estoques para a casa, inclusive de comida congelada ou enlatada.

Essa existência pobre e aborrecida escondia o encanto de uma mulher bonita, apaixonada pela dança, que renunciou à vida em algum momento.  Mas sempre pode reencontrá-la.  O prisioneiro Frank, que cumpria pena por assassinato, também poderia não corresponder ao elemento perigoso que os jornais e a TV anunciavam.  E ser capaz de revelar dotes inesperados.

As surpresas que se escondem nos personagens e nas situações que eles vivem, ou viveram, é o que de mais interessante tem essa trama, que é bem sustentada pelos atores que vivem os três protagonistas:  Kate Winslet, Josh Brolin e o garoto, Gattlin Griffith.




O diretor Jason Reitman também dirigiu “Juno”, de 2007, um filme que trata de gravidez na adolescência sob um ângulo inovador, graças a um personagem que surpreende por sua personalidade e seu comportamento: a jovem que dá nome ao filme.  Personagens que surpreendem, revelam algo que está por trás das aparências ou de que não se esperam determinadas atitudes, parecem interessar especialmente ao cineasta.


Esse é o trunfo de “Refém da Paixão”, que, de resto, não apresenta muitos outros atrativos.  Trata-se de uma boa história, envolvente, que mescla suspense e romance com razoável eficiência.  Mas é preciso relevar algumas situações que soam inverossímeis ou muito improváveis, que estão também no texto original, que serviu ao roteiro adaptado pelo próprio diretor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário