Antonio Carlos Egypto
UMA
NOITE EM HAIFA (Laila in Haifa). Israel, 2020.
Direção: Amos Gitai. Elenco:
Maria Zreik, Khawia Ibraheem, Bahira Ablassi, Naama Preis, Hana Laslo, Tsahi
Halevi. 100 min.
“Uma
Noite em Haifa”, o mais recente trabalho do grande diretor israelense Amos
Gitai, mergulha uma vez mais na questão dos relacionamentos entre israelenses e
palestinos. Desta vez, destacando as
questões existenciais vividas pelos personagens, especialmente Laila (Maria
Zreik, ótima), e mais quatro mulheres que interagem entre si e com os
homens. Há outros personagens
importantes, como o fotógrafo israelense que registra ações palestinas
artisticamente, mas elas estão em primeiro plano.
Os
encontros se dão numa boate real da cidade de Haifa, em Israel, que por sinal é
a cidade natal do diretor. Essa boate é
frequentada tanto por israelenses quanto por palestinos, que vivem momentos de
relacionamento, troca e diálogo, apesar do ambiente de ódio e violência
crônicos que os rodeia.
Esse
espaço da realidade inspirou o diretor, e também roteirista, ao lado de
Marie-Jose Sanselme, a criar momentos, situações, geralmente de diálogo entre
duas pessoas, em que se discute tudo o que aparece. Reflexões sobre a vida, o amor, a arte, as
angústias, questões filosóficas, políticas, manifestações diversas dos desejos.
O filme apresenta essas cenas, de dois a dois, fugindo do naturalismo. As falas acontecem sem preâmbulos ou
preparações, de forma direta e surpreendente.
Algo profundo pode dar início a uma conversa entre duas pessoas que mal
se conheceram ou nem se conhecem.
Colocações sinceras e duras podem expressar algo que pessoas amigas,
amantes, casadas, resolveram falar agora, de repente. O que fica, portanto, é a essência da ideia,
do desejo, do sentimento, da atitude.
A
forma do filme é o mosaico, em que as coisas se encaixam, ou não, fazem
sentido, se complementam ou se opõem, mas têm significado distinto. Cada sequência vale, independentemente do seu
conjunto. Mas a totalidade dessas coisas
diferentes compõe um coletivo que reflete a realidade do Oriente Médio em
conflito em cada pessoa e, claro, nas suas relações. Algumas sequências se relacionam a outras,
engrenando uma pequena história, mas não de forma direta ou linear. Enfim, é preciso estar atento a tudo, para
encontrar ao final um sentido, que também está aberto ao que cada um percebe
desse universo que se alimenta do conflito.
O
destaque às mulheres vai por conta de que possa estar nelas, muito mais do que
nos homens, a possibilidade de construir algo mais decisivo, pacífico e
harmonioso, em tempos tão turbulentos.
VIAGEM DE FÉRIAS
Nas próximas semanas deixarei de escrever e postar as críticas cinematográficas habituais. Em meados de setembro, estarei de volta. Espero que revigorado.
Parece ser um filme muito bom!! Eles se passam, sempre,nos cinemas, com certeza. Não é???.Pena que eu ainda não possa sair, apesar de muito melhorada
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