Antonio Carlos Egypto
BELFAST (Belfast). Reino Unido, 2021.
Direção: Kenneth Branagh. Elenco:
Caltríona Balfe, Jaime Dornan, Judi Dench, Clarán Hinds e o menino Jude
Hill. 98 min.
O que se verá em “Belfast” é a visão e
as experiências do menino, aos 9 anos de idade, tão perplexo como nós, os
espectadores, distantes daqueles acontecimentos de 1969, tanto no tempo quanto
geograficamente. Sempre foi, e será,
difícil de explicar essa guerra religiosa de intolerância e violência física em
pleno século XX em países desenvolvidos, que viveram os horrores das guerras
mundiais tão de perto, ou de dentro. De
qualquer modo, não será a abordagem de Kenneth Branagh em “Belfast” que irá nos
esclarecer de algo.
O filme começa com visões panorâmicas,
do alto, de 360 graus, da cidade de Belfast, a capital da Irlanda do Norte, com
suas cores, sua beleza, sua pujança.
Passa para uma quase idílica quadra, em que todos andam livres e
alegremente pelas ruas, especialmente as crianças. Aí a nostalgia domina o filme, que se
transforma em preto e branco para melhor refletir isso. Todos convivem em harmonia com as
diferenças. A região é predominantemente
protestante, mas comporta uma minoria católica, e isso não é um problema. É o que se depreende do que as imagens
mostram e de como o menino vive lá.
Até que, sem nenhum motivo aparente,
explode uma guerra no quarteirão.
Bombas, explosões, brigas, quebra-quebra, saque a supermercado,
perseguições, atuação policial. Muita
violência. Uma sequência interessante é a que faz a passagem de uma situação a
outra. O escudo que seria para o menino
brigar com dragões imaginários serve de defesa para ele e para sua mãe diante
das agressões concretas e palpáveis que estavam acontecendo. Enfim, o mundo do garoto desmoronou. No entanto, ele seguirá feliz em seu ambiente
familiar, com os pais, o irmão mais velho, os avós e a comunidade que o conhece
e interage com ele.
O confronto entre o mundo idealizado
do garoto e as novas dimensões do conflito, inevitavelmente, vão modificar esse
microcosmo irlandês. Com afeto, bom
humor e pitadas de amor ao cinema, Kenneth Branagh mergulha nesse drama com
leveza e, claro, valoriza o respeito e o convívio entre as pessoas e suas diferenças
religiosas.
É um filme bonito, fácil de ver, que
recebeu 7 indicações ao Oscar: filme, diretor, atriz e ator coadjuvantes,
roteiro original, som e canção original (Down
to Joy), mas pouco ou nada nos acrescenta na compreensão do fenômeno
político que ele aborda.
O elenco está muito bem e o menino,
que é o protagonista do filme, Jude Hill, aos 10 anos de idade, é simpático,
vigoroso, expressivo. Ajuda a tornar
“Belfast” um produto atraente e comunicativo,
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