sábado, 12 de março de 2022

BELFAST

Antonio Carlos Egypto

 



 

BELFAST (Belfast). Reino Unido, 2021.  Direção: Kenneth Branagh.  Elenco: Caltríona Balfe, Jaime Dornan, Judi Dench, Clarán Hinds e o menino Jude Hill.  98 min.

 

 O consagrado ator e diretor “shakespereano” Kenneth Branagh é irlandês, natural de Belfast, que dá nome ao filme que ele dirigiu, baseado em suas vivências infantis, no período imediatamente anterior à mudança de sua família para Londres. Essa mudança se dá por dois fatores: uma oferta de emprego convidativa para uma família endividada e a deterioração das relações na comunidade em que viviam, após a eclosão de conflitos violentos entre protestantes e católicos.

 

O que se verá em “Belfast” é a visão e as experiências do menino, aos 9 anos de idade, tão perplexo como nós, os espectadores, distantes daqueles acontecimentos de 1969, tanto no tempo quanto geograficamente.  Sempre foi, e será, difícil de explicar essa guerra religiosa de intolerância e violência física em pleno século XX em países desenvolvidos, que viveram os horrores das guerras mundiais tão de perto, ou de dentro.  De qualquer modo, não será a abordagem de Kenneth Branagh em “Belfast” que irá nos esclarecer de algo.

 

O filme começa com visões panorâmicas, do alto, de 360 graus, da cidade de Belfast, a capital da Irlanda do Norte, com suas cores, sua beleza, sua pujança.  Passa para uma quase idílica quadra, em que todos andam livres e alegremente pelas ruas, especialmente as crianças.  Aí a nostalgia domina o filme, que se transforma em preto e branco para melhor refletir isso.  Todos convivem em harmonia com as diferenças.  A região é predominantemente protestante, mas comporta uma minoria católica, e isso não é um problema.  É o que se depreende do que as imagens mostram e de como o menino vive lá.

 



Até que, sem nenhum motivo aparente, explode uma guerra no quarteirão.  Bombas, explosões, brigas, quebra-quebra, saque a supermercado, perseguições, atuação policial.  Muita violência. Uma sequência interessante é a que faz a passagem de uma situação a outra.  O escudo que seria para o menino brigar com dragões imaginários serve de defesa para ele e para sua mãe diante das agressões concretas e palpáveis que estavam acontecendo.  Enfim, o mundo do garoto desmoronou.  No entanto, ele seguirá feliz em seu ambiente familiar, com os pais, o irmão mais velho, os avós e a comunidade que o conhece e interage com ele.

 

O confronto entre o mundo idealizado do garoto e as novas dimensões do conflito, inevitavelmente, vão modificar esse microcosmo irlandês.  Com afeto, bom humor e pitadas de amor ao cinema, Kenneth Branagh mergulha nesse drama com leveza e, claro, valoriza o respeito e o convívio entre as pessoas e suas diferenças religiosas.

 

É um filme bonito, fácil de ver, que recebeu 7 indicações ao Oscar: filme, diretor, atriz e ator coadjuvantes, roteiro original, som e canção original (Down to Joy), mas pouco ou nada nos acrescenta na compreensão do fenômeno político que ele aborda.

 

O elenco está muito bem e o menino, que é o protagonista do filme, Jude Hill, aos 10 anos de idade, é simpático, vigoroso, expressivo.  Ajuda a tornar “Belfast” um produto atraente e comunicativo,



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