Antonio Carlos Egypto
Já começou o 47º. Festival SESC de
Melhores Filmes do ano de 2020, promovido pelo Cinesesc, que acontece on line e gratuitamente. É um dos festivais mais antigos da cidade de
São Paulo, em que o público e a crítica elegem os melhores filmes do ano que
passou, longas-metragens nacionais e internacionais. Os premiados estarão disponibilizados a
partir de hoje até o dia 05 de maio no sescsp.org.br/cinemaemcasa
É só entrar, clicar no filme e
assistir. Vários longas já estão lá,
outros, entrarão na semana que vem.
Filmes excelentes que já podem ser
assistidos são, por exemplo, HONEYLAND,
MARTIN EDEN, O OFICIAL E O ESPIÃO e SERTÂNIA,
que eu recomendo vivamente e já comentei no cinema com recheio. Há mais, muito mais, de bom cinema por lá,
além do festival: a trilogia AS MIL E
UMA NOITES, do cineasta português Miguel Gomes. O primeiro longa é O INQUIETO, o segundo, O DESOLADO e o terceiro, O ENCANTADO. Cinema finíssimo, de alta qualidade. Tem
também o ótimo documentário chileno O
PACTO DE ADRIANA, VIOLÊNCIA E PAIXÃO,
de Luchino Visconti, OS PALHAÇOS, de
Fellini, MAMMA ROMA, de Pasolini, A HORA DO LOBO, de Ingmar Bergman. Descubra o Sesc Digital, vale a pena. Repetindo o link de entrada:
sescsp.org.br/cinemaemcasa
O Festival É TUDO VERDADE 2021
continua em cartaz on line e gratuito
no www.etudoverdade.com.br Entre as
atrações, um documentário brasileiro importante de ser visto é OS ARREPENDIDOS, dirigido por Ricardo
Calil e Armando Antenore, 74 min. O
filme joga luz num episódio no mínimo insólito. No período da ditadura
militar, a violenta repressão do regime, sobretudo a partir do AI-5, de 1968,
engendrou uma resistência armada, por parte de setores da esquerda que, talvez
numa perspectiva de desespero, não viam outro caminho para enfrentar e tentar
pôr fim ao período autoritário, que se prolongava. Não deu certo e, vendo com os olhos de hoje,
parece mesmo uma aventura delirante, sem chance de sucesso. Mas era uma luta que a juventude daquele
período abraçou, correndo todos os riscos, na base da vida e da morte.
Pois bem, alguns terroristas, como assim
eram chamados, aparentemente se arrependeram do que fizeram e se apresentaram
perante a mídia, então totalmente sujeita à censura, levados pela polícia ou
pelas autoridades militares que os prenderam para dar depoimentos. Ali falam de seus erros, da manipulação,
inclusive internacional, a que estiveram sujeitos, incluindo até elogios ao
regime militar. Difícil de crer. O fato é que deu certo junto à opinião
pública e, após a primeira leva de quatro militantes arrependidos, surgiram
muitas mais. A farsa ficou evidente, principalmente quando se negava o que
todos tinham passado, os maus tratos e a tortura.
No filme OS ARREPENDIDOS, ouve-se o
depoimento de sobreviventes dessa experiência, inclusive daqueles que ainda
hoje afirmam ter se arrependido mesmo, outros, que não, e pessoas que
conviveram com os que já não estão mais aqui.
Todos, porém, reconhecem, e até detalham, as torturas sofridas.
O que na época funcionou como instrumento, um tanto macabro, de propaganda da ditadura militar e deixou marcas permanentes nessas pessoas tornou-se um episódio obscuro e esquecido. Em boa hora, lembrado nesse documentário.
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