Antonio Carlos
Egypto
SOBRE VIAGENS E AMORES (Summertime). Itália,
2016. Direção e roteiro: Gabriele
Muccino. Com Brando Pacitto, Matilda
Lutz, Taylor Frey, Joseph Haro. 103 min.
Marco (Brando Pacitto) e Maria (Matilda Lutz) são
dois jovens italianos que se conhecem, mas não chegam a gostar um do
outro. Em função de um amigo comum,
acabam compartilhando uma viagem improvável, mas, fascinante, aos Estados
Unidos. Mais precisamente, a São
Francisco, onde serão hospedados por um casal de rapazes gays, vividos por Taylor Frey e Joseph Haro.
O que virá daí é uma jornada de descobertas pessoais,
sexuais, existenciais que, claro, produzirá mudanças profundas em todos
eles. Um verão para nunca mais
esquecer. Aquelas situações que marcam
para sempre uma vida, no caso, quatro vidas.
Esse tipo de narrativa poderia favorecer a eclosão de
clichês, mensagens edificantes, finais felizes e definitivos. Mas Gabriele Muccino escapa dessas armadilhas. Os jovens em questão são gente reconhecível,
com o vigor e a disponibilidade característicos dessa faixa etária, mas com
seus conflitos, seus medos, seus preconceitos, suas indecisões.
A juventude é o momento mais favorável para estar
aberto ao novo, ao que não se conhece, ao que não se entende, e com disposição
para arriscar. É nessa linha que os
personagens de “Sobre Viagens e Amores” se coloca.
Dessa forma, suas experiências se tornam mesmo
transformadoras. O que não significa que
tudo que se deseja possa acontecer, que os momentos felizes se eternizem, que
as coisas não voltarão a mudar, no futuro.
E que as frustrações, inevitáveis na vida, não surjam logo ali, virando
a esquina.
Se a felicidade como tal não existe, momentos felizes
fazem toda a diferença, marcam vidas, se tornam inesquecíveis. Embora passem, como tudo passa, nem por isso
deixam de ser muito importantes para quem os viveu. A maioria dos momentos felizes que vivemos
faz parte da nossa identidade, alimenta e enriquece a nossa existência. O filme de Gabriele Muccino celebra isso num
tom alegre, vital, energético, tocado por quatro jovens atores, simpáticos e
empenhados em seus papéis, que dão conta do recado.
É um bom filme para ser visto pelos jovens, pois comunica com facilidade e bom ritmo
questões importantes desse momento de vida, que envolve escolhas, superação de
estereótipós e preconceitos, com vistas a uma vida adulta mais aberta e
consistente. E foca na afetividade e na
vida real, coisas que o cinema dirigido aos jovens tem negligenciado, em favor
de heróis do mundo virtual, extraídos dos quadrinhos, da fantasia, dos jogos
eletrônicos, do mundo intergalático, essas coisas todas. Nada contra.
Mas o cinema para esse público tem que se diversificar, ir além da mera
diversão dos filmes de ação, mesmo para os mais jovens.
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