Antonio Carlos
Egypto
PATERSON (Paterson). Estados Unidos, 2016. Direção e roteiro: Jim Jarmusch. Com Adam Driver, Golshifteh Farahani. 118 min.
Paterson (Adam Driver) vive em Paterson, New Jersey,
cidade de cerca de 150 mil habitantes.
Isso já indica uma posição de familiaridade, de pertencimento, de
conforto. Difícil se sentir estranho ou
excluído numa cidade pequena, que leva o seu nome, ou que seu nome tenha sido
escolhido em função dela.
O personagem Paterson é motorista de ônibus na cidade
e cumpre uma rotina diária que inclui ir para casa após o trabalho, jantar e
conversar com a mulher, levar o cachorro buldogue para passear, passar no bar
para tomar uma cerveja. Mas, no meio de
tudo, em qualquer espaço de tempo, ele escreve poemas do cotidiano, num caderno
secreto, que não mostra nem para a esposa.
A inspiração pode vir de uma conversa qualquer ou de uma simples caixa
de fósforos.
Laura (Golshifteh Farahani), esposa de Paterson, tem
outro tipo de rotina. Se ocupa de forma
maníaca com formas geométricas em preto e branco, usadas para decorar todos os
cantos da casa, suas roupas e seu violão.
E faz cupcakes enfeitados, com
motivos em preto e branco. Até quando
propõe uma ida ao cinema com o marido, o filme de terror antigo é em preto e
branco.
O casal vive bem, se apoia mutuamente, são afetivos
um com o outro e convivem com o cachorro em paz. O que isso tudo mostra? Que o mundo de cada um pode ser confortável,
tranquilo. Que a rotina não precisa ser vista como um tédio ou simples
acomodação. Ela também pode ser
acolhedora e até poética. O que não
significa, é claro, ausência de conflitos.
E me vem à lembrança o título em português do último filme de um dos
grandes mestres do cinema japonês, Yasujiro Ozu (1903-1963): “A Rotina Tem Seu
Encanto”, de 1962. Esse mesmo título
caberia muito bem no filme de Jarmusch.
A inspiração em Ozu também é clara.
Tanto que, quando algo abala essa bela rotina poética, é um poeta
japonês que aparece em Paterson, para salvar a poesia do personagem
Paterson. Bonito isso!
O diretor Jim Jarmusch teve grande destaque no cinema
independente norte-americano, nos anos 1980, e chamou muito a atenção pela
capacidade de criar climas mais do que coloquiais e, ao mesmo tempo, estranhos,
algo assim meio fora do tempo e das expectativas sociais. Os ambientes e situações são banais e, às
vezes, rotineiros. Gosto muito de
“Estranhos no Paraíso”, de 1984, “Daunbailó” (Down By Law), de 1986, dos curtas
que deram origem ao longa “Sobre Café e Cigarros”, de 2003, e do mais recente,
“Amantes Eternos”, de 2013. O jeito cool e esquisito da maioria dos
personagens que ele retrata são muitíssimo interessantes, embora nem todas as
histórias consigam o efeito desejado e algumas coisas soem repetitivas, no
conjunto da obra. É natural. Para quem chegou surpreendendo, passada a
surpresa a novidade se esgota. Mas ele
está se mostrando capaz de se renovar, ultimamente. “Paterson” é um claro exemplo disso.
Jim Jarmusch sempre consegue extrair dos atores que
escolhe desempenhos especiais, minimalistas, lunáticos, tresloucados ou
passivos. O casal que forma a dupla de
protagonistas aqui dá um show de
atuação e compõe personagens tão simpáticos quanto familiares e perfeitamente
integrados ao clima do cineasta. A linda
e talentosa atriz iraniana Golshifteh Farahani, que foi banida de seu país por
ter posado nua para uma revista, é muito convincente e encantadora. Ela tem mostrado uma versatilidade grande em
filmes como “A Pedra da Paciência”, de 2012, e “Dois Amigos”, de 2015. Adam Driver entrou no clima cool do diretor e se saiu muito
bem. Acabamos de vê-lo em “Silêncio”, de
Martin Scorsese, no papel de um padre; ele também tem atuado nos filmes da
série “Star Wars”. A atriz e o ator
agregam valor a esse novo trabalho de Jim Jarmusch.
É um filme bom e muito interessante, sinto que história é boa, mas o que realmente faz a diferença é a participação de Adam Driver neste filme. O elenco deste filme é ótimo, eu amo tudo onde Adam Driver aparece, o ultimo que eu vi foi em um dos melhores filmes de comedia chamado Lucky Logan Roubo em Família, adorei esse filme! De todos os filmes que estrearam, este foi o meu preferido, eu recomendo, é uma historia boa que nos mantêm presos no sofá. É espetacular. Pessoalmente eu acho que é um filme que nos prende, tenho certeza que vai gostar, é uma boa história. Definitivamente recomendado.
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