Antonio
Carlos Egypto
SNIPER AMERICANO (American
Sniper). Estados Unidos, 2014. Direção: Clint Eastwood. Com
Bradley Cooper, Sienna Miller, Luke Grimes, Jake McDorman. 132 min.
Não há dúvida de que “Sniper Americano”, dirigido por
Clint Eastwood, é um filme de guerra muito bom, muito bem realizado, com um bom
número de cenas marcantes e efeitos especiais colocados a serviço de contar bem
uma história, sem maneirismos ou fios soltos.
O personagem central Chris Kyle, numa interpretação
marcante de Bradley Cooper, mostra consistência e, em que pese sua profunda
identificação com a guerra, estão lá seus conflitos pessoais e familiares,
desequilíbrios, frustrações e inadaptações. É, portanto, um personagem que
exibe humanidade. Não se trata, apenas,
de um laudatório da guerra. Não é raso
ou simplista. Ainda assim, há muito a
questionar na ideologia que move o filme.
Atirador
Americano, que deveria ser o título do filme por aqui, se baseia na
autobiografia de Chris Kyle, o atirador de elite da Marinha Americana, que
virou herói, recebeu condecorações e a quem se creditam 160 mortes. E que foi assassinado no Texas, quando já
estava de volta, após quatro incursões pela guerra do Iraque. A essa altura, ele havia voltado para a
família e ajudava veteranos de guerra a superar traumas e dificuldades
decorrentes do período bélico. Ao mesmo
tempo em que ele próprio, viciado na guerra, tentava se adaptar à vida
pacífica. O seu assassinato, que o filme
não mostra, nem explica, só cita ao final, ainda está sendo julgado e a própria
existência e sucesso do filme tendem a interferir no processo atualmente em
curso.
“Sniper Americano”, com todos os méritos
cinematográficos que tem, é um filme que faz a elegia do herói, aquele que se
dedica de corpo e alma e com patriotismo à causa americana. Que quer proteger os cidadãos
norte-americanos de ataques, como o das Torres Gêmeas, e combater os inimigos
em seu próprio domínio.
Muito bem, mas que heroísmo é esse a ser
valorizado? O dos Estados Unidos que
invadiram uma nação, o Iraque, com base na suposição mentirosa de que lá
haveria armas de destruição em massa? O
atirador que mata calculadamente, mas inclui crianças que carreguem artefatos
bélicos, é o grande herói da América?
Não dá para engolir tal ideologia, tal modo de pensar. O país que Chris Kyle defendeu com ardor é o
mesmo que produz guerras por toda parte, alimenta com armamento pesado aqueles
que depois se tornarão os inimigos a serem combatidos. Não é assim que funciona?
Não dá para simplesmente colocar no papel de vítima o
país que invade outros países, fomenta as guerras e com seu poderio procura
impor sua vontade ao mundo. Mas Clint
Eastwood é um homem de direita, do Partido Republicano, apoiou Bush. Fazer o quê?
Talento como cineasta ele tem de sobra, como já
mostrou fartamente em sua filmografia, que inclui “Os Imperdoáveis”, de 1992,
“Sobre Meninos e Lobos”, de 2003, “Menina de Ouro”, de 2005, “A Conquista da
Honra” e “Cartas de Iwo Jima”, de 2006, “Gran Torino”, de 2008, e “Invictus”,
de 2009, entre outros. Em “Sniper Americano”, ele também compôs a música do
filme. Muito boa, por sinal. São seis indicações ao Oscar 2015 para essa
produção que valida a ideologia de guerra dos Estados Unidos da América
Quando esse filme saiu eu realmente gostei , American Sniper é o melhor filmes de guerra que eu vi no filme dos últimos anos, também tem o ator principal Bradley Cooper para que eles tenham um ponto extra
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