quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

SR. KAPLAN


Antonio Carlos Egypto




SR. KAPLAN (Sr. Kaplan).  Uruguai, 2013.  Direção: Álvaro Brechner.  Com Héctor Noguera, Néstor Guzzini, Rolf Becker, Nidia Telles, Leonor Svarcas.  95 min.


Jacobo Kaplan (Héctor Noguera) já passou por muitas dificuldades na vida.  Mas hoje, quando se aproxima dos 80 anos de idade, vive uma existência pacata no Uruguai, casado com a mesma mulher há cinquenta anos.  Sente um pouco de tédio e, refletindo sobre o que foi a sua vida, gostaria de ter deixado uma marca mais forte, para que pudesse ser lembrado pela história.



Uma conversa ao acaso parece abrir-lhe a chance para um lance heróico insuspeitado, quando ele fica sabendo de um homem de origem alemã que toca um modesto negócio numa praia, não muito distante de onde ele vive.  Indícios fazem-no suspeitar de que se trate de um ex-nazista, escondido por essa América do Sul, tal como aconteceu com Josef Mengele, por exemplo.  A origem judaica do sr. Kaplan fala mais alto e ele não pode perder a oportunidade de investigar o caso.  O filme nos leva a acompanhar suas peripécias em torno do assunto.  Apesar das limitações que a idade já lhe impõe, a disposição do sr. Kaplan parece inabalável...

Essa simpática produção uruguaia, dirigida por Álvaro Brechner, cria um clima de suspense, aventura e humor negro, ao contar essa curiosa história.  A narrativa flui muito bem.  Um bom elenco de atores, capitaneado por Héctor Noguera e Néstor Guzzini, este no papel do ex-policial Wilson Contreras, mantém o interesse pela trama, em que pese o fato de ela contar com alguma previsibilidade.




O que é muito interessante é que o filme coloca elementos dramáticos e de suspense em algumas situações que, no fundo, são banais.  A primeira cena, em que o sr. Kaplan se situa num trampolim alto de uma piscina, é ilustrativa disso.  Mas há muitas outras.  Ou seja, cenas bem estruturadas fazem com que pequenas coisas possam mexer com as pessoas.  Não é preciso apelar para todos os super-heróis e infinitas cenas de ação, recheadas de efeitos especiais, para envolver o público.  O cotidiano, os pensamentos, sentimentos, fantasias e incompreensões humanas têm muito mais a nos dizer do que as guerras intergaláticas.  Com inteligência e um pouco de dinheiro, pode-se fazer coisa boa e produzir entretenimento de qualidade, como é o caso aqui.




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