Antonio Carlos
Egypto
O cineasta espanhol Pedro Almodóvar é muito
conhecido e respeitado no Brasil, assim como no resto do mundo. Como é comum acontecer, encontra alguma
resistência em seu próprio país, mesmo sendo o mais famoso representante do
cinema espanhol da atualidade, recheado de prêmios internacionais, inclusive
Oscar. Seus filmes de maior sucesso
foram “Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos” e “Tudo Sobre Minha Mãe”. Entre
os mais recentes destaque para “A Pele Que Habito”
Seu trabalho é o que se pode chamar de
autoral, no sentido de que ele cria um universo cinematográfico próprio,
marcante e facilmente identificável.
Suas cores fortes, seus excessos cênicos, seus personagens extravagantes,
suas improváveis tramas, sua atração pelo melodrama e seu humor, marcam sua
obra. E definem um cinema original e
ousado, que tem o reconhecimento da crítica e a simpatia do público. Esse é, aliás, um mérito incrível e raro: é
bastante comum o divórcio entre o que agrada a crítica e o que entusiasma o
público.
Pedro Almodóvar consegue esse feito porque seu
cinema é popular, aparentemente simples, mas lida com questões complexas, como
a superação de preconceitos e de moralismos, em busca de uma ampla libertação
no terreno dos costumes e de sua consequente ação política. Brincando, carnavalizando, ele toca fundo nas
mazelas humanas e mexe na ferida. O
público se envolve, ri e, quando percebe, está torcendo por personagens que, em
outro contexto, o incomodariam ou seriam objeto de discriminação ou
rejeição. Porque ele é capaz de nos
fazer entender que a humanidade é recheada de diversidades e coisas estranhas,
mas todos são gente, com seus desejos, medos, méritos, falhas, e todos buscam a
felicidade. Cada um a seu modo. Seu cinema é profundamente humanista e
crítico, e muito bem humorado. Tem a
sexualidade no centro da narrativa e é transgressor por definição.
A obra cinematográfica completa de Pedro
Almodóvar se compõe de 19 filmes de longa-metragem, realizados entre 1980 e
2013. Quem quiser conhecer esse trabalho
na tela de cinema, que é o melhor meio de aproveitá-lo e avaliá-lo, terá uma
grande oportunidade na 38ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, de 16
a 29 de outubro, que irá apresentar uma retrospectiva com os filmes do
diretor. Quem perder essa chance, ainda
pode se valer das cópias em DVD dos filmes, das exibições deles on line ou pela TV paga.
Foi lançado, também, o meu livro “Sexualidade
e Transgressão no Cinema de Pedro Almodóvar”, pela SG-Amarante Editorial. O livro aborda a obra do cineasta, tratando
de todos os 19 longas-metragens realizados por ele, focalizando a sexualidade e
a transgressão na sua fabulação.
Considera a importância e a representatividade do trabalho autoral do
cineasta na contemporaneidade, enfatizando a compreensão e aceitação da
diversidade sexual, e humana, e o tratamento avesso a qualquer tipo de
moralismo dado a seus personagens e tramas.
Procura demonstrar a coerência, em toda sua obra, da ideia de sexualidade
como libertação. Além disso, destaca a
metalinguagem sempre presente no seu cinema.
Trata, ainda, das relações da obra com o franquismo, origem da postura
transgressora que o cineasta adota, buscando esquecer e superar esse passado
recente da Espanha.
Olá Antônio Carlos, como posso encontrar seu livro? Obrigada!
ResponderExcluirEscreva para mim : egypto@uol.com.br
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