- Antonio Carlos Egypto
domingo, 16 de junho de 2013
ALÉM DO ARCO-ÍRIS
ALÉM DO ARCO-ÍRIS (Au Bout du Conte). França, 1012. Direção: Agnès Jaoui. Com
Agathe Bonitzer, Arthur Dupont, Valérie Crouzet, Jean-Pierre Bacri, Agnès
Jaoui. 112 min.
“Além do Arco-Íris” é uma comédia
fabular. Para começar, porque Laura
(Agathe Bonitzer), aos 24 anos de idade, ainda está em busca de seu príncipe
encantado. Ela acredita que o encontrou,
quando, numa festa, o nota à frente de uma estátua de um anjo apontando para
ele, o que liga a situação a um sonho que ela teve. Ela acredita nos sinais e no destino.
Ele é Sandro (Arthur Dupont),
músico e compositor de música erudita, muito inseguro a respeito de si
mesmo. Toda noite ele vai buscar a mãe
de moto. Ela sai tarde do trabalho e tem
medo de ser assaltada. Nessa festa, em
que se envolve com Laura, ele atrasa esse compromisso e sai correndo, à
meia-noite. No caminho, perde um sapato.
O pai de Sandro é Pierre
(Jean-Pierre Bacri), um homem cético, que não crê em nada. Porém, há quarenta anos, uma vidente
vaticinou que ele morreria no dia 14 de março do ano em que estamos agora. Como esquecer esse vaticínio e lidar com
ele? Haja cetismo! Ele também não aguenta crianças. Acha que elas são um estorvo, incomodam.
Marianne (Agnès Jaoui) trabalha
com crianças, monta peças infantis com base em fábulas. Entra em contato com Pierre porque, apesar de
ter carro e carta, não tem coragem de dirigir.
No cinema de Agnès Jaoui, há
sempre espaço para refletir em meio aos sorrisos e risadas a que as situações
colocadas nos impelem. Nada parece ter gravidade,
aparentemente. Mas também nada é bobo ou
gratuito. Nessa narrativa, a fábula se
insere no realismo e dialoga com ele. Na
realidade, o realismo leva a melhor. A
fábula até poderia ter mais força. De
qualquer modo, ela dá um colorido interessante às situações.
Sobre o cinema da diretora,
Jaoui, veja também o texto postado no cinema
com recheio, em julho de 2009:
“Agnès Jaoui e Enquanto o Sol Não Vem”.
Desde o seu início auspicioso, em “O Gosto dos Outros”, de 2001, ela tem
dialogado consistentemente com os relacionamentos contemporâneos do pessoal da
classe média, mais ou menos sofisticada ou culturalmente refinada. Continua focada por aí. Fala do que sabe, vive e observa, nesse
estrato social. Faz um bom trabalho.
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