Tatiana Babadobulos
Brasil,
2013. Direção: René Sampaio. Roteiro: Marcos Bernstein e Victor Atherino,
inspirado na música de Renato Russo. Com: Fabrício Boliveira, Isis Valverde,
Felipe Abib, Antonio Calloni, César Trancoso, Marcos Paulo, Flávio Bauraqui,
Lica Oliveira, Cinara Leal, Juliana Lohmann , Rodrigo Pandolfo, Leonardo Rosa,
Tulio Starling, Romulo Augusto, Andrade Junior, Caco Monteiro. 100 minutos
Depois
de “Somos Tão Jovens”, longa-metragem que conta a história da Legião Urbana
antes de a banda começar efetivamente, estreia em 400 salas do país o
longa-metragem “Faroeste Caboclo”, inspirado na música de mesmo nome, escrita
por Renato Russo.
A
música faz parte do terceiro disco, “Que País É Este”, mas foi escrita antes de
a banda se formar, enquanto o líder, morto em 1996, cantava sozinho, com
banquinho e violão, e era conhecido como o Trovador Solitário.
A
canção é uma das mais famosas do grupo, tem uma história longa e talvez seja a
música mais cinematográfica já escrita. Quando lançada, foi parcialmente
censurada quando tocava nas rádios, mas os fãs decoraram cada um dos 159 versos
e duração de pouco mais de nove minutos.
A história
de amor, ódio e vingança tem começo, meio e fim. No tema central está João (Fabricio
Boliveira), que saiu de Santo Cristo, no interior da Bahia, para arranjar
confusão no Planalto Central. Depois de matar o assassino de seu pai, vai
tentar a sorte em Brasília e é ajudado pelo neto bastardo do seu bisavô, Pablo
(Cesar Troncoso). Depois de trabalhar na carpintaria e ver que o que dava
dinheiro era o tráfico de drogas, ele conhece Maria Lúcia (Isis Valverde),
filha de um senador (Marcos Paulo, em sua última atuação no cinema, morto em
2012). Por conta de sua classe e sua cor também acaba tendo que driblar
preconceitos e o seu maior inimigo, o traficante de renome Jeremias (Felipe
Abib).
Embora
a música conte uma história completa, no momento em que ela é passada para a
ação no cinema foram necessárias adaptações para que fizesse sentido. A
reconstrução de Brasília da época foi uma das melhores opções feitas pela
equipe. Ficaram de fora algumas cenas, que podem continuar na imaginação do
espectador. De qualquer maneira, o roteiro é bastante fiel à criação de Renato
Russo, o que torna o filme de René Sampaio, em sua estreia em longas-metragens,
bastante previsível. Há a história clássica do negro, bandido, pobre de um
lado; a mocinha rica que se apaixona por ele, mas é disputada por um outro
branco, que frequenta a nata da cidade na época.
Os
fãs não vão achar ruim, ao contrário, e vão poder conferir que cada personagem
da música que costumavam cantarolar nos anos 1980 têm cara, história e emoção. Ao
final, duvido que algum espectador, fã da Legião Urbana, deixe a sala de
projeção durante os créditos!
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