Antonio Carlos Egypto
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AMIR LABAKI, diretor/fundador do festival |
Terminou
a 30ª. edição do Festival Internacional de Documentários É TUDO VERDADE (It’s
All True). Já comentei aqui alguns
dos filmes apresentados em duas postagens recentes, abordando os brasileiros
“Ritas”, “Lan, o Caricaturista”, “Minha Terra Estrangeira” e “Os
Ruminantes”. O vencedor brasileiro do
Festival, segundo o júri, foi “Copan”, uma radiografia desse prédio icônico do
centro de São Paulo, que é um microcosmo da realidade urbana e da diversidade
da sociedade brasileira. A diretora,
Carine Wallauer, costura a vida do prédio a partir da atuação dos servidores e
mantenedores da grande estrutura que abriga 5000 pessoas, uma autêntica cidade,
de cenas casuais ou encenadas, que refletem momentos, circunstâncias,
flashes. Mas o único personagem é mesmo
o prédio, com suas lojas, serviços, bares e restaurantes, gente por todo lado,
na calçada, no alto do prédio e até fazendo campanha eleitoral por Bolsonaro ou
Lula, em 2022, ou festejando a vitória do candidato petista. E na bela perspectiva vista do alto, em meio
à profusão de luzes da grande megalópolis.
Gostei
também de ver “Viva, Marília”, filme que abriu o Festival no Rio, dirigido por
Zelito Viana, de longa contribuição ao cinema desde os anos 1970. É a vida da grande atriz Marília Pêra que,
com uma vasta obra, que ela mesma comenta ao longo das décadas de 1960, 1970 e
1980, reflete o próprio país e a força das mulheres na cultura brasileira.
Eu
também já havia comentado o excelente documentário holandês “O Propagandista” e
o norte-americano, que aborda a vida e a obra de Liza Minnelli. Apreciei ainda “Meus Fantasmas Armênios”, de
Tamara Stepanyan, que nos mostra o esquecido cinema armênio, que parece
refletir o esquecido genocídio vivido por esse povo, que do domínio turco se
integrou à União Soviética stalinista, sem poder cultivar a riqueza
cultural de que dispõe.
O
vencedor internacional escolhido pelo júri foi o filme do Afeganistão, “Escrevendo
Hawa”, de Najiba Noori. Uma história
tocante de uma mulher que tenta aprender a ler e a escrever e a inserir-se num
mundo novo que se abria às mulheres.
Isso se o Talibã não tivesse voltado ao poder, assim que as tropas
estadunidenses de ocupação deixaram o território afegão. Hawa, a mulher, ficou lá com sua neta,
enquanto a filha vive como refugiada na França, tentando ajudá-las a lutar por
seus sonhos e liberdade. O filme capta a
queda de Cabul e o colapso dos sonhos de três gerações no único país do mundo
em que não é permitido às mulheres frequentar escola, estudar e entender
minimamente a realidade em que vivem.
O
saldo do Festival, uma vez mais, foi amplamente recompensador para todos que
apreciam a força do documentário no mundo do cinema. Essa força é hoje bastante evidente.
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