Antonio Carlos Egypto
CALÍGULA:
O CORTE FINAL (Caligula the Ultimate Cut). Estados Unidos, Itália, 2024. Uma nova versão do filme de 1979, dirigido
por Tinto Brass, com base em roteiro de Gore Vidal. Restaurado e produzido por Thomas Negovan,
que trabalhou na nova edição de Aaron Shaps.
Reedição: Bob Guccione, Franco Rossellini. Elenco: Malcolm McDowell, Helen Mirren, Peter
O’Toole, John Gielgud, Teresa Ann Savoy.
178 min.
O
filme “Calígula”, de 1979, quando aqui lançado, causou polêmica e escândalo
pela ousadia, pelo excesso de nudez e pornografia, numa época em que havia
censura no país. Portanto, deve ter sido
muito cortado. Mas o filme foi rejeitado
pela crítica, pela falta de sentido, pela gratuidade ou descontextualização de
tantas sequências e pela fragmentação de sua narrativa. Por que relançá-lo agora, 43 anos depois,
novamente nos cinemas?
Bem,
apesar de todos os defeitos, era um épico grandioso, que reuniu um elenco
espetacular, e o escritor Gore Vidal como roteirista. Mas há algo mais: 96 horas de filmagens,
realizadas desde 1976, em grande parte nunca vistas. Valia a pena refazer do zero esse filme, com
uma nova montagem, nova trilha sonora, recuperação de imagens com cenários
incríveis, suntuosos.
O que
se vê agora é que realmente valeu a pena.
“Calígula: O Corte Final” é um filme que faz todo o sentido, conta a
história do imperador romano corrupto, violento e insano, que se autoproclamava
deus e que marcou seu período de poder de uma forma corrompida, com fim
trágico.
A nova
versão eliminou os excessos de pornografia, que não tinham outro sentido do que
obter bilheteria, num filme quase incompreensível. Claro que ainda há bastante nudez e também
pornografia, mas em equilíbrio com a história que vai sendo contada, amarrando
as pontas. Digamos que os exageros que
ainda existem são bem toleráveis.
Havia
muito material a ser conhecido e trabalhado, mas mesmo assim não havia
necessidade de realizar o “novo” filme com 3 horas de duração.
De
qualquer modo, é um trabalho que merece ser visto e reconhecido pelo muito que
foi feito a partir daquelas filmagens abandonadas, que ganharam restauro e nova
vida.
Gostaria
de recomendar uma animação, que está em cartaz, e é muito legal: “ Arca de
Noé”, dirigida por Sérgio Machado e Alois Di Leo, inspirada na obra de Vinícius
de Moraes. Tom e Vini são dois ratos
amigos e talentosos para a música. Só
que o grande dilúvio, que levou à construção da Arca de Noé, só permite dois
exemplares de cada espécie animal: um macho e uma fêmea, não dois machos. Vai daí que um deles será levado elas águas,
a menos que... paremos por aqui. A
mensagem final é que, para se salvar, todos têm de colaborar, os mais fortes
protegendo os mais fracos e ninguém solta a mão de ninguém.
Os
desenhos animados e divertidos dessa bicharada toda ganham charme nas vozes de
Rodrigo Santoro, Marcelo Adnet, Alice Braga, Lázaro Ramos, Gregório Duvivier,
Ingrid Guimarães, Heloísa Périssé, seu Jorge e muitos mais.
A bela
música do filme, extraída dos álbuns Arca
de Noé I e II, de Vinícius de Moraes, tem aqui a interpretação, por
exemplo, de Adriana Calcanhoto. É coisa
fina. As crianças vão curtir
também. 95 min.
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