segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

CALÍGULA e ARCA

Antonio Carlos Egypto

 



CALÍGULA: O CORTE FINAL (Caligula the Ultimate Cut).  Estados Unidos, Itália, 2024.  Uma nova versão do filme de 1979, dirigido por Tinto Brass, com base em roteiro de Gore Vidal.  Restaurado e produzido por Thomas Negovan, que trabalhou na nova edição de Aaron Shaps.  Reedição: Bob Guccione, Franco Rossellini.  Elenco: Malcolm McDowell, Helen Mirren, Peter O’Toole, John Gielgud, Teresa Ann Savoy.  178 min.

 

O filme “Calígula”, de 1979, quando aqui lançado, causou polêmica e escândalo pela ousadia, pelo excesso de nudez e pornografia, numa época em que havia censura no país.  Portanto, deve ter sido muito cortado.  Mas o filme foi rejeitado pela crítica, pela falta de sentido, pela gratuidade ou descontextualização de tantas sequências e pela fragmentação de sua narrativa.  Por que relançá-lo agora, 43 anos depois, novamente nos cinemas?

 

Bem, apesar de todos os defeitos, era um épico grandioso, que reuniu um elenco espetacular, e o escritor Gore Vidal como roteirista.  Mas há algo mais: 96 horas de filmagens, realizadas desde 1976, em grande parte nunca vistas.  Valia a pena refazer do zero esse filme, com uma nova montagem, nova trilha sonora, recuperação de imagens com cenários incríveis, suntuosos. 

 

O que se vê agora é que realmente valeu a pena.  “Calígula: O Corte Final” é um filme que faz todo o sentido, conta a história do imperador romano corrupto, violento e insano, que se autoproclamava deus e que marcou seu período de poder de uma forma corrompida, com fim trágico. 

 

A nova versão eliminou os excessos de pornografia, que não tinham outro sentido do que obter bilheteria, num filme quase incompreensível.  Claro que ainda há bastante nudez e também pornografia, mas em equilíbrio com a história que vai sendo contada, amarrando as pontas.  Digamos que os exageros que ainda existem são bem toleráveis.

 

Havia muito material a ser conhecido e trabalhado, mas mesmo assim não havia necessidade de realizar o “novo” filme com 3 horas de duração.

 

De qualquer modo, é um trabalho que merece ser visto e reconhecido pelo muito que foi feito a partir daquelas filmagens abandonadas, que ganharam restauro e nova vida.

 

 


Gostaria de recomendar uma animação, que está em cartaz, e é muito legal: “ Arca de Noé”, dirigida por Sérgio Machado e Alois Di Leo, inspirada na obra de Vinícius de Moraes.  Tom e Vini são dois ratos amigos e talentosos para a música.  Só que o grande dilúvio, que levou à construção da Arca de Noé, só permite dois exemplares de cada espécie animal: um macho e uma fêmea, não dois machos.  Vai daí que um deles será levado elas águas, a menos que...  paremos por aqui. A mensagem final é que, para se salvar, todos têm de colaborar, os mais fortes protegendo os mais fracos e ninguém solta a mão de ninguém. 

 

Os desenhos animados e divertidos dessa bicharada toda ganham charme nas vozes de Rodrigo Santoro, Marcelo Adnet, Alice Braga, Lázaro Ramos, Gregório Duvivier, Ingrid Guimarães, Heloísa Périssé, seu Jorge e muitos mais.

 

A bela música do filme, extraída dos álbuns Arca de Noé I e II, de Vinícius de Moraes, tem aqui a interpretação, por exemplo, de Adriana Calcanhoto.  É coisa fina.  As crianças vão curtir também.  95 min.



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