Antonio Carlos Egypto
PARE
COM SUAS MENTIRAS (Arrête avec tes
Mensonges). França, 2023. Direção:
Olivier Peyon. Elenco: Guillaume De
Tonquédec, Victor Belmondo, Gulaine Londez, Jérémy Gillet, Julien De
Saint-Jean. 105 min.
Um
primeiro amor que ficou no passado distante, 35 anos atrás, retorna com força
quando o escritor Stephane (Guillaume De Tonquédec) recebe e aceita um convite
para retornar à sua cidade natal, a pequena Cognac, para uma homenagem. Apesar de Cognac ter dado origem à bebida
mundialmente famosa, Stephane não bebe, não gosta de bebidas alcoólicas e já
não tem nenhum interesse na visita à destilaria local. Aliás, não é só em relação à bebida, que
marca a cidade, que o escritor se sente deslocado. Ele não esconde sua
homossexualidade e isso, ainda hoje, incomoda por lá.
Por
que, então, ele teria sido escolhido para participar de festividades da cidade
e receber uma homenagem? De quem partiu
essa ideia? Claro que ter se tornado um
escritor de sucesso e ser de lá pode explicar isso, ainda assim, algo mais deve
haver. E ele sabe disso, apenas deixou de lado ao longo de tantos anos distante.
Tudo
começa a clarear quando, ao autografar um livro, ele percebe que um dos
organizadores do evento tem o mesmo nome de seu antigo caso de amor
adolescente. Encontrar o filho de seu
amado trará tudo de volta à sua mente, reavivando suas lembranças.
O
filme “Pare Com Suas Mentiras” vai, então, alternando presente e passado, sem
deixar de continuar sendo linear, tanto no que está ocorrendo agora como na
sucessão de fatos daquele passado. A
forma clássica, acadêmica, segue preservada.
A
abordagem do tema, no entanto, traz a novidade da transformação pelo passar do
tempo. Ninguém permanece o mesmo tanto
tempo depois. Nem mesmo a cidade que
cultiva escrupulosamente suas tradições.
Por esse caminho, o filme emociona, até surpreende. Verdade que o discurso que Stephane vai
tentando construir, enquanto vive essas novas e perturbadoras emoções do
presente, se torna bastante previsível com a evolução da história. O filme tenta fazer suspense disso, mas não
consegue.
O
personagem adolescente do escritor, vivido pelo ator Jérémy Gillet, é muito
diferente dele, enquanto tipo físico, o que provoca uma certa estranheza. O jovem Stephane é também muito contido e
isolado, embora já se destacasse pela boa escrita. Seu parceiro amoroso, Thomas (Julien De
Saint-Jean), que ficou restrito ao espaço de Cognac, cuidando dos negócios da
família, era mais expressivo e ativo, mas não alçou voo. A imagem que ficou de Thomas, a partir do
relato de seu filho, foi a mais fechada possível. O casamento não lhe trouxe felicidade e ele
quase não se comunicava com o filho.
Enfim, uma história de amor e desejo intensos que flopou, como se diz
atualmente.
A
redescoberta do escritor, que é a essência da história, baseada na obra
original de Philippe Besson, resultou num filme bem realizado por Olivier
Peyon, que desperta interesse.
Parece muito forte e atraente. Quero ver.
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