De 08 a 14 de agosto aporta em São Paulo, no
Espaço Itaú Augusta, a já tradicional “8 ½ Festa do Cinema Italiano”. Muita coisa boa no cardápio dessa festa. A começar pela apresentação em duas partes do
grande filme de Marco Tullio Giordana, de 2003, “O Melhor da Juventude”. (La
Meglio Giuventú). Uma família em que
dois irmãos vivem juntos e separados em momentos da história recente da Itália,
dos anos 1960 aos 2000. Vão a Roma,
passam pelas origens em Ravena, estudam em Bolonha, se encontram em Florença em
plena cheia que castigou a cidade, em eventos de radicalismo político e
repressão em Turim, nos julgamentos de Milão, na máfia siciliana, em Palermo,
onde também se dá o assassinato do juiz Giovanni Falcone e outros, no tempo da
Brigada Vermelha, e por todos os cantos, ao longo desse período contemporâneo
italiano. Uma jovem com problemas mentais compõe o trio de protagonistas, o que permite discutir o descalabro dos hospitais psiquiátricos e a revolução promovida por Basaglia no mundo, a partir da Itália.
A costura dos fatos e personagens é muito bem
feita, a filmagem exala humanidade, afeto e compreensão, em meio aos
inevitáveis conflitos da vida, desencontros amorosos e familiares. Recheada por ótimos atores de um elenco jovem
e música da mais alta qualidade, e não só italiana. Vai de Dinah Washington a Cesária Évora. Todos perseguem seus sonhos, se iludem, se
magoam e seguem em frente, na busca incessante por uma vida que possa ser
melhor.
É um dos grandes filmes do cinema italiano de
todos os tempos. Grande na qualidade,
mas também no tamanho. São 6 horas de
duração, por isso as sessões são divididas em dois dias, de 3 horas cada um. Talvez você diga: nem pensar! E não tente.
Se você disser: vou ver só a primeira parte para conferir como é, eu lhe
garanto, você não vai querer perder a segunda parte, por nada desse mundo. E se chegar ao final da saga vai sentir um
gosto de que ainda queria mais.
Mas além de “O Melhor da Juventude”, a mostra
tem filmes que abordam a grande arte italiana: “Michelangelo Infinito” e
“Caravaggio, a Alma e o Sangue”, em dois documentários que ainda pretendo
ver. Tem o novo filme de Paolo
Sorrentino, que trata do personagem político Silvio Berlusconi e sua trupe
corrupta de direita, em “Silvio e os outros”, e muito mais.
NOITE MÀGICA |
“Noite Mágica”, o novo filme de Paolo Virzì,
que já vi, é outra bela opção. A partir
de uma morte acidental, ou intencional, num carro que mergulha no rio Tibre, os
personagens desta investigação penetram no universo cinematográfico da grande
fase italiana dos anos 1960 e 1970. Para
quem acompanhou e conhece esse período do cinema italiano, há um sem-número de
citações e insinuações reconhecíveis e divertidas. O espectador comum pode não percebê-las,
mas ainda assim acompanhará o ritmo feérico do filme, os bastidores do cinema e
seus tipos característicos, a partir de três jovens talentosos roteiristas, que
são os suspeitos investigados, em sua tumultuada jornada pelas ruas de Roma, o
epicentro desse fenômeno cinematográfico tão marcante que a Itália legou ao
mundo e à história.
Mas se você preferir conferir outras
cinematografias que não a italiana e quiser dispensar os filmes estadunidenses
e franceses que ocupam o circuito, nos mesmos dias da mostra italiana, o
Cinesesc tem a mostra “Mundo Árabe”, com produções recentes que merecem ser
conhecidas. E está em cartaz também, até
14 de agosto, distribuído em diversos locais, o “23º. Festival do Cinema
Judaico”. Esse acontece na Hebraica, no
Museu da Imagem e do Som, no Instituto Moreira Salles e no Sesc Bom
Retiro. Por falta de opção é que você
não vai deixar de ir ao cinema. Até
porque os preços dessas mostras são inferiores aos dos bilhetes de cinema
convencionais. E esse frio que está
fazendo em São Paulo não convida para um cineminha também, num ar condicionado
mais quentinho?
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