terça-feira, 6 de agosto de 2019

FESTA DO CINEMA ITALIANO

Antonio Carlos Egypto


De 08 a 14 de agosto aporta em São Paulo, no Espaço Itaú Augusta, a já tradicional “8 ½ Festa do Cinema Italiano”.  Muita coisa boa no cardápio dessa festa.  A começar pela apresentação em duas partes do grande filme de Marco Tullio Giordana, de 2003, “O Melhor da Juventude”.  (La Meglio Giuventú).  Uma família em que dois irmãos vivem juntos e separados em momentos da história recente da Itália, dos anos 1960 aos 2000.  Vão a Roma, passam pelas origens em Ravena, estudam em Bolonha, se encontram em Florença em plena cheia que castigou a cidade, em eventos de radicalismo político e repressão em Turim, nos julgamentos de Milão, na máfia siciliana, em Palermo, onde também se dá o assassinato do juiz Giovanni Falcone e outros, no tempo da Brigada Vermelha, e por todos os cantos, ao longo desse período contemporâneo italiano. Uma jovem com problemas mentais compõe o trio de protagonistas, o que permite discutir o descalabro dos hospitais psiquiátricos e a revolução promovida por Basaglia no mundo, a partir da Itália.




A costura dos fatos e personagens é muito bem feita, a filmagem exala humanidade, afeto e compreensão, em meio aos inevitáveis conflitos da vida, desencontros amorosos e familiares.  Recheada por ótimos atores de um elenco jovem e música da mais alta qualidade, e não só italiana.  Vai de Dinah Washington a Cesária Évora.  Todos perseguem seus sonhos, se iludem, se magoam e seguem em frente, na busca incessante por uma vida que possa ser melhor.

É um dos grandes filmes do cinema italiano de todos os tempos.  Grande na qualidade, mas também no tamanho.  São 6 horas de duração, por isso as sessões são divididas em dois dias, de 3 horas cada um.  Talvez você diga: nem pensar!  E não tente.  Se você disser: vou ver só a primeira parte para conferir como é, eu lhe garanto, você não vai querer perder a segunda parte, por nada desse mundo.  E se chegar ao final da saga vai sentir um gosto de que ainda queria mais.

Mas além de “O Melhor da Juventude”, a mostra tem filmes que abordam a grande arte italiana: “Michelangelo Infinito” e “Caravaggio, a Alma e o Sangue”, em dois documentários que ainda pretendo ver.  Tem o novo filme de Paolo Sorrentino, que trata do personagem político Silvio Berlusconi e sua trupe corrupta de direita, em “Silvio e os outros”, e muito mais.


NOITE MÀGICA

“Noite Mágica”, o novo filme de Paolo Virzì, que já vi, é outra bela opção.  A partir de uma morte acidental, ou intencional, num carro que mergulha no rio Tibre, os personagens desta investigação penetram no universo cinematográfico da grande fase italiana dos anos 1960 e 1970.  Para quem acompanhou e conhece esse período do cinema italiano, há um sem-número de citações e insinuações reconhecíveis e divertidas.  O espectador comum pode não percebê-las, mas ainda assim acompanhará o ritmo feérico do filme, os bastidores do cinema e seus tipos característicos, a partir de três jovens talentosos roteiristas, que são os suspeitos investigados, em sua tumultuada jornada pelas ruas de Roma, o epicentro desse fenômeno cinematográfico tão marcante que a Itália legou ao mundo e à história.

Mas se você preferir conferir outras cinematografias que não a italiana e quiser dispensar os filmes estadunidenses e franceses que ocupam o circuito, nos mesmos dias da mostra italiana, o Cinesesc tem a mostra “Mundo Árabe”, com produções recentes que merecem ser conhecidas.  E está em cartaz também, até 14 de agosto, distribuído em diversos locais, o “23º. Festival do Cinema Judaico”.   Esse acontece na Hebraica, no Museu da Imagem e do Som, no Instituto Moreira Salles e no Sesc Bom Retiro.  Por falta de opção é que você não vai deixar de ir ao cinema.  Até porque os preços dessas mostras são inferiores aos dos bilhetes de cinema convencionais.  E esse frio que está fazendo em São Paulo não convida para um cineminha também, num ar condicionado mais quentinho?  




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