O CARAVAGGIO ROUBADO (Una Storia
Senza Nome). Itália, 2018. Direção: Roberto Andò. Com Micaela Ramazzotti, Renato Carpentieri,
Alessandro Gassman, Laura Morante, Gaetano Bruno, Jerzy Skolimovski. 117 min.
Depois de “Viva a Liberdade”, em 2013, e “As Confissões”, em 2016, (ambos
os filmes com críticas aqui no Cinema com Recheio), Roberto Andò vem com um
suspense cheio de mistérios e coisas a serem descobertas pouco a pouco. O fio condutor é um crime ocorrido há 50
anos, numa capela de Palermo, na Sicília, o roubo da pintura Nativitá, de Caravaggio, que segue sem
solução.
Não seja por isso, a ficção se encarrega de criar uma história que
envolve uma escritora fantasma de um roteirista bem sucedido, que aparece
apenas como secretária de um produtor de cinema. Ela tem acesso a uma oferta de uma história
espetacular, mas muito perigosa.
Bingo! Vai dar na máfia,
claro. Afinal, estamos em Palermo.
Uma trama intrincada vai se desenvolvendo. Nada, ou pouco, se dá a conhecer à primeira
vista. O quebra-cabeças vai se formando,
fazendo sentido, e trazendo muitos outros elementos à trama. Em especial, pelos
relacionamentos que se estabelecem e se transformam, dando ritmo aos eventos.
O filme tem boas sequências, é visualmente bonito, tem ótimos
desempenhos, mas não tem muita fluidez.
Há uma preocupação excessiva em permanecer num clima de mistério
constante que, se estimula de um lado, cansa, de outro. Tensão e enigma não faltarão aos espectadores
que forem ver “O Caravaggio Roubado”, que poderia se chamar simplesmente Uma História Sem Nome, como o original
italiano. No entanto, ressaltar o quadro
de Caravaggio no título, faz mais apelo ao público.
O grande destaque vai para a protagonista Valéria, desempenho excelente
de Micaela Ramazzotti, e para o papel de Renato Carpentieri, muito bom. Alessandro Gassman está num papel menor, mas
central da trama, como o roteirista Alessandro Paes. O filme conta, ainda, com a participação
especial do grande cineasta polonês Jerzy Skolimovski.
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AMAZÕNIA GROOVE. Brasil,
2018. Direção: Bruno Murtinho. Documentário.
85 min.
O documentário “Amazônia Groove”, de Bruno Murtinho, traz a beleza e o
fascínio da floresta amazônica, um elemento sempre atraente, na medida em que
ainda se conhece pouco dos seus mistérios e encantos. Mas o foco do filme é a música. Procura mostrar como é fascinante e
diversificada a produção musical da região, com destaque para o Pará. Carimbó, búfulo, bumbá, guitarrada, violão
clássico amazônico, tecnobrega, com direito a um bolero tradicional, tem de
tudo por lá. E com grande qualidade. Ficamos conhecendo figuras que tocam, cantam,
se apresentam e dão pequenos depoimentos: Dona Onete, Manoel Cordeiro,
Sebastião Tapajós, Mestre Damasceno, Paulo André Barata, Albery Albuquerque, Mg
Calibre, Waldo Squash e Gina Lobrista.
Eu não conhecia nenhum deles.
Fiquei impressionado com o talento desse pessoal. Pode-se gostar mais de uma tendência do que
de outra, mas a música, como conjunto, pulsa bonita, revelando uma cultura
rica, tradicional e moderna. Faz parte
do mundo musical brasileiro, com uma sonoridade própria, que merece ser muito
mais conhecida e difundida para as demais regiões do país. Verdade que vários deles já são bem
conhecidos no exterior, mais do que aqui mesmo.
Ponto para “Amazônia Groove”. Aliás, por que não chamar o documentário
de Ritmos da Amazônia? Mais simples e mais direto, não é, não?
“Amazônia Groove” estreia em junho em sessões normais nos cinemas, mas é
também o filme de abertura da 5ª. edição da Ciranda de Filmes, evento gratuito
que terá exibição de filmes, oficinas e bate-papos no Espaço Itaú de Cinema
Augusta, de 23 a 26 de maio, em São Paulo, e itinerância em Belo Horizonte,
Brasília, Curitiba, Salvador e Porto Alegre, no próximo mês de agosto. O tema do evento é Música, Linguagem da Vida.
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