Antonio Carlos
Egypto
POR TRÁS DOS SEUS OLHOS (All I See is You). Estados
Unidos, 2017. Direção: Marc Foster. Com Blake Lively, Jason Clarke, Danny
Huston. 110 min.
No filme “Por Trás dos Seus Olhos”, o diretor
Marc Foster aproveita a trama, que diz respeito a uma mulher que ficou cega num
acidente de infância, em que perdeu os pais, mas pode voltar a enxergar de um
olho, com as novas possibilidades da medicina atual, para realizar uma
experimentação visual bem interessante.
Mais do que a história, que também tem seus méritos, as imagens é que
fazem a força do filme. Em excesso, até.
A câmera de Foster nos leva a enxergar
embaçado, desfocar, nublar, sofrer variações e desequilíbrios, que tentam
mimetizar a experiência da cegueria, com sua vulnerabilidade, inseguranças e
medos. A percepção das luzes, da água,
do vento, do movimento e dos ambientes traz grandes sensações e induz à imaginação. Retomar a visão ou parte dela, recuperando a
magia das cores e o colorido da vida, produz um efeito deslumbrante. Para isso, é especialmente favorável a vida
em Bangkok, naTailândia, onde o personagem James (Jason Clarke), marido de Gina
(Blake Lively), a portadora da deficiência visual, trabalha no ramo de
seguros. A variedade de flores por lá é
uma festa!
O casal formado por James e Gina, vivendo num
país estrangeiro, parece caminhar muito bem, já que a dependência afetiva que
ela tem dele é bem resolvida e acolhida por ambos. Só estariam faltando filhos. Mas, com o retorno à visão, aquilo que estava
na mente, na imaginação dela, nem sempre se apresenta do modo esperado e nem de
forma a ser bem recebido. O conflito,
então, tende a se estabelecer, exigindo novos comportamentos e soluções. Um novo relacionamento tem de ser
construído. Assim como novas relações
vão se estabelecer.
A atriz Blake Lively tem um desafio e tanto,
no papel da mulher que, de cega, passa progressivamente a ver, e que pode ter
recaídas. A câmera se esbalda ao explorar
esse universo visual inconstante. Há um
tanto de maneirismo nessa exploração visual, ela acaba se colocando à frente
dos personagens e da trama. Ou seja, a
técnica se torna visível demais. As
imagens são bonitas, sedutoras. O
ambiente psicológico que se transforma com a visão também prende a atenção do
espectador. Enfim, tudo muda. Para chegar a quê?
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