segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

PEQUENA GRANDE VIDA


Antonio Carlos Egypto





PEQUENA GRANDE VIDA (Downsizing). Estados Unidos, 2017.  Direção: Alexander Payne.  Com Matt Damon, Kristen Wiig, Christoph Waltz, Hong Chau.  136 min.


Desde, pelo menos, “O Incrível Homem que Encolheu”, de Jack Arnold, de 1957, o cinema tem gostado de brincar com a ideia de encolher as pessoas.  Dentro do filme “Fale com Ela”, de 2001, Pedro Almodóvar inclui um curta chamado “O Amante Minguante”, inspirado no conto de Bukowski, 15 Centímetros.  E há muitos outros exemplos explorados pelo cinema.

Com “Pequena Grande Vida”, dirigido por Alexander Payne, volta-se ao tema da miniaturização das pessoas.  Agora, a média de altura seria de 13 centímetros.  Só que aqui a brincadeira toma um ar de seriedade que, apesar da ironia e da crítica, reflete as preocupações da atualidade.

A miniaturização definitiva das pessoas, a partir de uma descoberta norueguesa, que não produz efeitos colaterais, parece se constituir numa solução para a humanidade, que está destruindo o planeta e poluindo tudo.  É só criar comunidades em miniatura, onde será possível viver em casas maravilhosas, sem trabalhar, já que o dinheiro existente se multiplicará, devido à redução brutal dos gastos.  É a lazerlândia, a cidade dos sonhos, a vida ideal se todos aderirem à ideia.

De esmola demais o santo desconfia, lembram-se desse provérbio?  Pois é, assim é.  Toda idealização desmorona porque fincada na ilusão de uma utopia que, por mais bem intencionada que seja, não resiste ao confronto com o real da vida.




Até aí muito bem, mas o filme vai se perdendo em detalhes e situações irrelevantes e acaba buscando abrigo na questão social, na opressão da desigualdade de classes e coletividades e na questão ecológica.

Faz uma mistura que não funciona muito bem e que acaba por anular qualquer viés cômico que a ideia da miniaturização ainda possuísse. Além disso, o filme é desnecessariamente longo.  O resultado não corresponde à intenção.  A sensação é de uma boa proposta que se perdeu no caminho, mesmo contando com uma boa produção e um bom elenco.  Destaque para o desempenho brilhante da atriz tailandesa Hong Chau.





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