Antonio Carlos
Egypto
PEQUENA GRANDE VIDA (Downsizing). Estados Unidos, 2017.
Direção: Alexander
Payne. Com Matt Damon, Kristen Wiig,
Christoph Waltz, Hong Chau. 136
min.
Desde, pelo menos, “O Incrível Homem que
Encolheu”, de Jack Arnold, de 1957, o cinema tem gostado de brincar com a ideia
de encolher as pessoas. Dentro do filme
“Fale com Ela”, de 2001, Pedro Almodóvar inclui um curta chamado “O Amante
Minguante”, inspirado no conto de Bukowski, 15
Centímetros. E há muitos outros
exemplos explorados pelo cinema.
Com “Pequena Grande Vida”, dirigido por
Alexander Payne, volta-se ao tema da miniaturização das pessoas. Agora, a média de altura seria de 13
centímetros. Só que aqui a brincadeira
toma um ar de seriedade que, apesar da ironia e da crítica, reflete as
preocupações da atualidade.
A miniaturização definitiva das pessoas, a
partir de uma descoberta norueguesa, que não produz efeitos colaterais, parece
se constituir numa solução para a humanidade, que está destruindo o planeta e
poluindo tudo. É só criar comunidades em
miniatura, onde será possível viver em casas maravilhosas, sem trabalhar, já
que o dinheiro existente se multiplicará, devido à redução brutal dos gastos. É a lazerlândia, a cidade dos sonhos, a vida
ideal se todos aderirem à ideia.
De
esmola demais o santo desconfia, lembram-se desse provérbio? Pois é, assim é. Toda idealização desmorona porque fincada na
ilusão de uma utopia que, por mais bem intencionada que seja, não resiste ao
confronto com o real da vida.
Até aí muito bem, mas o filme vai se perdendo
em detalhes e situações irrelevantes e acaba buscando abrigo na questão social,
na opressão da desigualdade de classes e coletividades e na questão ecológica.
Faz uma mistura que não funciona muito bem e
que acaba por anular qualquer viés cômico que a ideia da miniaturização ainda
possuísse. Além disso, o filme é desnecessariamente longo. O resultado não corresponde à intenção. A sensação é de uma boa proposta que se
perdeu no caminho, mesmo contando com uma boa produção e um bom elenco. Destaque para o desempenho brilhante da atriz
tailandesa Hong Chau.
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