quarta-feira, 5 de agosto de 2015

A DAMA DOURADA


Antonio Carlos Egypto


O Retrato de Adele Bloch-Bauer I de Gustav Klimt


A DAMA DOURADA (Woman In Gold)Estados Unidos/Inglaterra, 2014.  Direção: Simon Curtis.  Com Helen Mirren, Ryan Reynolds, Daniel Brühl.  107 min.


“A Dama Dourada” não é um grande filme, mas tem elementos suficientes para interessar os espectadores.  A começar por uma boa história, real, que envolve personagens muito charmosos e culturalmente relevantes.

Que história é essa?  A da recuperação do quadro Retrato de Adele Bloch-Bauer, de Gustav Klimt, pela senhora judia Maria Altmann (Helen Mirren), que vem a ser a sobrinha da pessoa retratada no quadro.  Esse e mais alguns trabalhos do grande pintor austríaco foram roubados da rica família vienense, de quem Maria foi a única sobrevivente. E permaneciam na Áustria, até que ela, setenta anos após ter fugido de avião de Viena para os Estados Unidos, resolveu reclamar o direito à obra de arte, ensejando uma das mais célebres disputas do espólio nazista.  E que se resolveu recentemente, no final dos anos 1990.




O Retrato de Adele Bloch-Bauer I, de 1907, é o quinto quadro mais caro do mundo, uma obra fulgurante da arte moderna, considerada a Mona Lisa da Áustria. Gustav Klimt (1862-1918) era um pintor simbolista, sintonizado com os tempos da art noveau e com as mudanças que o fim do século XIX e o início do XX representavam para a Viena, em que Sigmund Freud (1856-1939) revolucionava a visão do ser humano, a partir de sua concepção da psicanálise.

Klimt produzia pinturas espetaculares, feitas para decorar ambientes requintados, obras figurativas que recusavam a arte acadêmica.  Era filho de um modesto ourives, o que o levou a trabalhar com ouro, como no quadro em questão, e no não menos famoso O Beijo, realizado no mesmo ano ou no ano seguinte, 1908. 




Como tirar da Áustria uma obra tão importante?  Era uma tarefa quase impossível, apesar da disposição anunciada pelo governo austríaco de reparar as perdas e injustiças sofridas por muitas famílias, no período da ocupação nazista do país.  Trabalho para um intrépido, mas inexperiente, jovem advogado, Randy Schoenberg (Ryan Reynolds), ninguém menos do que um neto do grande compositor austríaco clássico, Arnold Schoenberg (1874-1951).  Com uma história como essa, envolvendo personagens fascinantes e grandes expressões artísticas, difícil não se interessar.

Ao desenvolver essa trama, centrada na questão das obras de arte, “A Dama Dourada” também trata da retomada de um passado esquecido, renegado pela personagem Maria Altmann, que nunca havia retornado a seu país de origem, nos setenta anos que se passaram.  Envereda pelo caminho dos filmes de tribunal, mostrando as disputas jurídicas ocorridas na Áustria e nos Estados Unidos.  E, de quebra, passeia pela lindíssima cidade de Viena e suas construções que revelam um passado grandioso e hoje se constituem em bela atração turística.




Outro elemento motivador é o ótimo elenco que dá vida a esses personagens.  A presença de Helen Mirren, interpretando Maria Altmann, é o ponto alto do filme.  Ela é brilhante. Mas Ryan Reynolds também está muito bem como o advogado e o ator alemão Daniel Brühl faz um papel complementar importante, e é muito bom também, como um austríaco disposto a ajudar a reparar os crimes cometidos durante a II Guerra Mundial.

O filme segue uma narrativa clássica, adaptando o livro A Dama Dourada: a extraordinária história da obra-prima de Gustav Klimt, retrato de Adele Bloch-Bauer, da jornalista Anne-Marie O’Connor. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário