Antonio Carlos Egypto
POMPEIA (Pompeii). Estados Unidos, 2013. Direção: Paul W. S. Anderson. Com Kit Harrington, Carrie-Anne Moss, Emily Browning,
Adewale-Akinnuoye-Agbaje, Kiefer Sutherland. 104 min.
Pompeia, a cidade da Antiguidade Romana (situada a 22
km de Nápoles), quando foi inteiramente destruída pelo vulcão Vesúvio, em 79
d.C., contava com 20 mil habitantes, sendo que 80% da sua população, cerca de
16 mil pessoas, morreram nesse episódio.
As mortes se deram por intoxicação por gás e vapores clorídricos, pela
ação do fogo e das cinzas e, também, por pisoteamento em tentativa de fuga e
por soterramento.
Uma tal tragédia histórica, cujos registros da vida
ali existentes se perderam e só restam indícios, se presta à criação das mais
diversas histórias possíveis. Um prato cheio para a produção de filmes
épicos. Mas nisso o filme “Pompeia”
sucumbe. Tudo o que ali se conta é
banal, repetitivo, esquemático.
Gladiadores escapam da morte, se enfrentam, se tornam grandes amigos e
devem proteger um ao outro até o fim.
Uma história de amor se revela entre o escravo gladiador e a jovem filha
dos detentores do poder local. O senador
romano encarna um vilão autoritário, assassino e idiota. E por aí vai.
A trama inexiste, é puro clichê.
Os personagens são tão rasos que não há como avaliar
o desempenho dos atores. Eles não têm
qualquer densidade ou consistência. Nem coerência
de comportamento, diante da tragédia que se desenha. Além de não serem racionais, os protagonistas
nem medo chegam a demonstrar diante da evidência da catástrofe. Não são humanos, por certo.
Só para demonstrar a indigência do roteiro: a cidade
está toda sendo destruída, no entanto, as lutas prosseguem. Não as oficiais no Coliseu, mas os confrontos
morais de vida e morte que envolvem mocinhos e vilões. Quem poderá achar crível que duas pessoas
lutem até a morte, em meio à profusão de lavas sendo expelidas pelo Vesúvio,
num ambiente em que todos estão morrendo e eles próprios serão mortos em breve,
se não tentarem pelo menos fugir dali?
Parece que não basta mostrar a destruição, é preciso mais ação, lutas e
mais lutas, ainda que seja tudo inútil, um non
sense total.
De qualquer modo, “Pompeia” é feito na medida para
mostrar tudo sendo progressivamente arrebentado, coberto de cinzas, queimado,
desmoronando. É a destruição completa
sendo mostrada. O filme-catástrofe reina
absoluto. A tecnologia funciona, exibe
seu poder no telão do cinema em 3D, convincentemente. O problema é que gira no vazio. Tecnologia a serviço de coisa nenhuma.
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