EU
E VOCÊ (Io e Te). Itália, 2011. Direção: Bernardo Bertolucci. Com Jacopo Olmo Antinori, Tea Falco, Sonia
Bergamasco, Pippo Delbono, Veronica Lazar.
97 min.
Lorenzo
(Jacopo Olmo Antinori) é um adolescente de 14 anos, em busca de espaço para sua
privacidade e autonomia. Tem problemas e
dificuldades no relacionamento com colegas, já que é um tanto intolerante e
ríspido. Em casa, com a mãe, o conflito
é ainda mais intenso, já que envolve um amor edipiano explicitado, em meio a
constantes brigas e discussões.
Olívia
(Tea Falco), irmã mais velha de Lorenzo por parte de pai, fazia com muito
talento fotografia artística, até afundar na dependência de drogas,
especialmente da heroína, de forma intensa.
Lorenzo
e Olívia são os dois personagens que conduzem a trama do novo filme do grande
diretor Bernardo Bertolucci. Por razões
diversas, eles acabam convivendo, por um período de tempo, num porão,
escondidos das outras pessoas. O
encontro se dá de modo fortuito, inesperado para ambos. É por aí que se apresenta a oportunidade do
convívio que resulta em conhecimento mútuo, já que, apesar de irmãos, eles
estavam separados e nunca se viam.
Criar
uma situação que confina dois personagens por um período de tempo facilita a
exposição das diferenças do mundo de ambos, do que é difícil de enfrentar para
cada um e de que modo esses mundos podem se tocar e se entender. O que interessa ao diretor é trabalhar sentimentos,
expectativas e as relações possíveis entre os irmãos. Consequentemente, o que muda em cada um com
esse convívio forçado e confinado.
A
transformação dos personagens e da relação entre eles vai sendo mostrada de
forma progressiva e realista, apesar da situação artificial criada. “Io e Te” não cai na cilada da redenção, traz
esperanças, mas mantém os limites.
Crescer e mudar é possível, mas não esperemos milagres. É por aí.
Bernardo
Bertolucci, um dos grandes nomes do cinema italiano, faz mais um trabalho rico
e intrigante, focado em relacionamentos humanos, o que é uma constante na sua
obra. Basta lembrar de “Os Sonhadores”,
de 2004, ou de “O Último Tango em Paris”, de 1972, ótimos filmes que também
colocam personagens em espaços fechados por um bom tempo.
Bernardo Bertolucci |
Evidentemente,
a trajetória de Bertolucci é tão marcante que há muito mais do que isso em
filmes notáveis, como “Antes da Revolução”, de 1964, “O Conformista”, de 1970,
“1900”, de 1973, “La Luna”, de 1981, “O Céu que nos Protege”, de 1990, “Beleza
Roubada”, de 1996, ou “Assédio”, de 1998.
É um autor cinematográfico, que sempre tem muito a dizer, com belas
imagens.
“Io
e Te” é um dos filmes da mostra contemporânea do 8º. Festival de Cinema
Italiano no Brasil. Outros destaques
dessa mesma mostra são: “César Deve Morrer”, dos irmãos Taviani, “O Comandante
e a Cegonha”, de Sílvio Soldini e “Romance de um
Massacre”, de Marco Tulio Giordana.
Quem
desejar rever a grande cinematografia italiana dos anos 1970 não pode perder a
retrospectiva que homenageia o ator Giancarlo Giannini, que veio a esse
Festival do Cinema Italiano para conversar com o público e possibilitar a
revisão de grandes filmes que estrelou, como “Amor e Anarquia”, de 1973,
“Pasqualino Sete Belezas”, de 1976, ou “Mimi, o Metalúrgico”, de 1972, todos
dirigidos por Lina Wertmüller. Será
exibido também o filme que ele fez com Ettore Scola: “Ciúme à
Italiana”, de 1970, e o último e brilhante de Luchino Visconti: “O Inocente”,
de 1976.
O
8º. Festival de Cinema Italiano no Brasil é uma realização da Câmara
Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura e do Ministério da
Cultura, com o patrocínio da Pirelli, e chega a São Paulo em exibições que vão
de 26 de novembro a 13 de dezembro de 2012. Giancarlo Giannini |
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