O
diretor britânico Ken Loach tem como característica temática as questões
política e ideológica. Costuma tratar de
temas como a pobreza, a imigração, as etnias, os preconceitos, os conflitos
religiosos armados da Irlanda, outros conflitos históricos e assuntos
correlatos.
Fergus
e Frankie, amigos de infância, se ajudam mutuamente, costumam trabalhar
juntos. Vemos Fergus convencer Frankie a
ir com ele para o Iraque. O pagamento
é ótimo, 10 mil libras ao mês, sem taxas.
É a guerra privatizada,
virando emprego atraente para alguns.
Sem considerações de ordem política ou ideológica, em princípio.
“Rota
Irlandesa” é, nesse sentido, um enredo policial, como tantos outros. A questão política, aqui, aparece de uma
forma diferente. O foco da denúncia é a
privatização e o negócio das guerras.
Vale para qualquer guerra, a rigor.
Tendem a cair por terra os argumentos que justificariam ações armadas,
invasões de territórios, tiroteios em terrenos fronteiriços, coisas desse tipo.
E, menos ainda, o resgate de tiranos pela democracia. Basta ver no que virou essa história.
É
um filme menor do grande diretor Ken Loach.
Dele sempre se espera mais. Pela
lucidez que demonstra, pela coragem de tocar em feridas e fazer denúncias. Não que isso esteja ausente aqui. O negócio da guerra é algo que deve, mesmo,
ser tratado, apontado com clareza. A
banalização da violência que transforma absurdos em coisas admissíveis é um
ponto importante também. O problema é
que o filme mantém o espectador um tanto confuso ao longo da narrativa. Isso acaba atrapalhando o envolvimento
emocional que se espera desse tipo de película, que tem algo a demonstrar. O cinema de Ken Loach costuma ser bem mais
claro e até didático, no tratamento dos temas engajados que sempre o
interessaram. Neste filme, ele se desvia
um pouco da rota, faz uma digressão.
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