sexta-feira, 21 de setembro de 2012

EU TAMBÉM

Antonio Carlos Egypto

EU TAMBÉM (Ja tozhe hochu).  Rússia, 2012.  Direção e roteiro: Aleksey Balabanov.  Com Yrii Matveev, Alexander Mosin, Oleg Garkusha, Alisa Shitikovaz.  89 min.


Começa em São Paulo, no Cinesesc e no cine Olido, com entrada franca, o ótimo Festival Indie 2012, com 60 filmes contemporâneos de 18 países, incluindo as retrospectivas dos cineastas Aleksey Balabanov, da Rússia, Charles Burnett, dos Estados Unidos, e Kazuyoshi Kumakiri, do Japão.  Destaque também para os novos filmes de Apichatpong Weerasethakul e Brillante Mendoza.




O trabalho mais recente do diretor russo Aleksey Balabanov, recém exibido no último Festival de Veneza, é “Eu Também”, uma espécie de roadmovie da morte.  Dois amigos, Bandit e Matei, partem em busca de uma tal Torre do Sino da Felicidade, escondida entre as cidades de São Petersburgo e Uglich, próxima a uma usina nuclear abandonada.  Pode ser alcançada por meio de estradas vazias.  Um lugar contaminado por radiação, onde pessoas desaparecem.  Levam com eles o velho pai músico de Matei, que já não fala nem se expressa de forma perceptível.  Encontram pelo caminho uma prostituta desencantada com sua vida e um jovem vidente. É desses encontros e desencontros, alegoricamente mostrados, e dessa caminhada rumo ao fim que se constrói um filme forte, belo e totalmente desesperançado.

“Eu Também” nos mostra um cineasta que consegue extrair beleza da tragédia iminente, mas não faz qualquer concessão ao cinema comercial.  Pelo pessimismo evidente de sua trama, pela dureza das interpretações, pela morte que se apresenta quase a cada plano, pela completa ausência de alternativas possíveis ou pela escolha de um caminho sem volta por parte dos personagens, tudo leva a um beco sem saída.  Sufocante, mas também instigante.

A obra de Balabanov, que começou em 1991, estará sendo exibida ao longo do Festival Indie até 04 de outubro de 2012 e inclui uma variedade de gêneros e propostas.  Aborda pornografia, vícios, gangsterismo, colapso da União Soviética, a história do passado russo.  Há lugar até para melodrama romântico e comédia.  Vale conferir, já que, a julgar por esse seu trabalho mais recente, não haveria espaço para brincadeira no seu cinema.



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