Antonio Carlos Egypto
INVERNO
EM PARIS (Le Lycéen). França, 2022.
Direção e roteiro: Christophe Honoré.
Elenco: Paul Kircher, Juliette Binoche, Vincent Lacoste, Erwan Kepoa
Falé. 123 min.
Lucas
(Paul Kircher), jovem gay de 17 anos, estudante do ensino médio (Lycéen), no
interior da França, vive o chamado turbilhão emocional da adolescência. Desde o início do filme, ouvimos os seus
pensamentos e, por meio deles, ele expressa seus temores, dúvidas, motivos para
autodepreciação, seus impulsos caóticos e imprevisíveis, suas frustrações, seus
desejos, nem sempre claros. Enfim, é
dessa forma que o filme nos introduz no universo de Lucas. Um universo que comporta uma mãe amorosa,
vivendo as emoções com muita intensidade: Isabelle (Juliette Binoche), um pai
próximo, presente, vivido pelo próprio diretor, e um irmão mais velho, Quentin
(Vincent Lacoste), já radicado em Paris.
No
último ano de internato, Lucas tem de enfrentar a morte, por acidente, do pai,
o que desmorona sua vida. No entanto,
ele vai experimentá-la com intensidade, hospedando-se com o irmão, no inverno
em Paris, logo após o luto, onde descobre que o amor e o desejo podem emergir
dos contextos mais sombrios. Mas que
tudo tem seu preço, seus limites, seus riscos, suas consequências.
O
jovem Paul Kircher entrega-se no papel de Lucas com uma dedicação e uma
expressividade que já lhe valeram prêmios de ator em festivais, como o de San
San Sebastián e Veneza.
Juliette
Binoche esbanja vibração emocional, humanidade e sofrimento, com uma
intensidade e profundidade só possíveis para atrizes muito tarimbadas. A força do seu desempenho é admirável. Vincent Lacoste e Erwan Kepoa Falé integram
um elenco que apresenta atuações consistentes, brilhantes. É um dos grandes trunfos do filme de
Christophe Honoré.
Outro
é a verdade da história, a sensibilidade para apresentar sentimentos e
conflitos humanos verdadeiros. É um
filme que trata de amor, afeto e desejo, sem clichês, sem se valer da forma
melodramática. Por isso mesmo, o filme
nos leva pela empatia diante de questões, como a depressão, o mutismo ou a
expressão exacerbada da sexualidade como respostas frente a um sofrimento sem
tamanho.
Chistophe
Honoré reafirma, uma vez mais, sua capacidade de lidar com questões emocionais
intensas, que têm marcado sua produção cinematográfica. Basta lembrar de filmes como “Canções de
Amor” (2007), “A Bela Junie” (2008) ou “Conquistar, Amar e Viver Intensamente”
(2018), entre tantos outros trabalhos dele como diretor e roteirista de cinema.
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