Antonio Carlos Egypto
ELIS & TOM, SÓ TINHA DE SER COM VOCÊ, documentário
brasileiro de 2022, dirigido por Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay, com roteiro de Nelson
Motta, encanta qualquer um que tenha sensibilidade
musical. Vai em busca de resgatar uma
experiência de 1974, já tem quase 50 anos, quando Elis Regina, ao completar 10
anos de carreira artística, muitíssimo bem-sucedida, ganha de presente de sua
gravadora o projeto de realizar um disco histórico ao lado de Antônio Carlos
Jobim, reconhecidamente compositor maior da nossa música. Além de maestro, arranjador e instrumentista
exímio.
Figuras
emblemáticas que tinham de se entender para produzir juntas o que, hoje
sabemos, seria um dos mais importantes discos de toda a história da música
popular brasileira. Como o filme conta,
não foi fácil. César Camargo Mariano,
pianista e arranjador no disco, relata sua epopeia naquele estúdio MGM de Los
Angeles, Califórnia, onde o disco foi realizado.
Inicialmente,
César foi rejeitado por Tom, que esperava dar o rumo ao trabalho e se
surpreendeu com a vinda dele e dos músicos que atuariam no disco. Afinal, era a obra de Tom que estava em jogo
e ele não se via como mero convidado no LP de Elis. O clima ficou difícil, César tratou de lidar
com essa rejeição, Elis chegou a pensar em desistir e fez as malas para voltar,
Roberto de Oliveira conseguiu evitar que isso acontecesse. O talento de todos e
a paixão musical acabaram por uni-los, o clima foi mudando e o trabalho
andou. Com entusiasmo, paixão, muito
empenho e até relaxamento e brincadeiras.
A faixa “Águas de Março”, com Tom e Elis se divertindo, é a maior
comprovação disso.
O
clima de liberdade muito diferente daquele que existia no Brasil, com a
ditadura militar, também ajudou. Músicos
brilhantes, que participaram do disco, também contam bastidores da produção,
enquanto o filme nos lembra quem eram e o que faziam Elis e Tom, separados e
reunidos nesse trabalho. Tarefa difícil
essa de sintetizar as carreiras de Elis Regina e de Tom Jobim em poucos minutos,
para quem não os conheça direito, talvez porque muito jovem. A opção por destacar a carreira internacional
de cada um resolveu, em parte, a questão.
O
destaque para a relação, os encontros entre os dois, cantando juntos outras
músicas, como “Na batucada da vida”, de Ary Barroso, e “Céu e Mar”, de Johnny
Alf, nos mostram uma afinidade musical que vai muito além das simpatias ou
antipatias pessoais, ou dos ciúmes e da competição entre eles e com César
Camargo Mariano, brilhante arranjador como o Tom, que era grande amor de Elis
na época.
A
proposta de um trabalho conjunto desses dois monstros sagrados da música
brasileira, que parecia impossível de se viabilizar, aconteceu. E o filme “Elis & Tom” é o registro dessa
maravilha musical em vídeo. Por que
levou tanto tempo para ser apresentado nos cinemas? Difícil saber, mas a espera valeu, porque o
trabalho de restauração da imagem e do som está perfeito.
Música
da melhor qualidade possível e imaginável toma conta da tela e dos nossos
ouvidos de forma arrebatadora. Sei que
estou me valendo de adjetivos até pomposos para falar desse documentário. Mas, podem crer, o filme vale tudo isso. Ganhou o prêmio da Crítica na 46ª. Mostra
Internacional de Cinema em São Paulo, não foi à toa. É um trabalho realmente espetacular. 100 min.
Vc esta certíssimo
ResponderExcluirNao posso perder esse documentário porque eles marcaram minha vida. Paixão absoluta. Onde assistir e qdo entra em cartaz?
O filme já está em cartaz nos cinemas desde hoje. No Cinesesc, por exemplo.
ExcluirDeve ser maravilhoso mesmo. Quero ver (B.Pinheiro)
ResponderExcluirAh!! que vontade de assistir a este documentário pois está muito bem informado sobre ele, acima!!! Com muita clareza!! Parece, até, que a gente assiste ao lê-!!! Espero que ele volte a aparecer em outra época para eu poder ver!!!
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