Antonio Carlos Egypto
ESTÁ TUDO BEM (Tout s’est bien passé).
França, 2021. Direção: François
Ozon. Elenco: Sophie Marceau, André
Dussolier, Géraldine Pailhas, Charlotte Rampling, Hanna Schygulla. 113 min.
Há momentos e situações de vida que se
tornam insuportáveis ou, pelo menos, inaceitáveis, do ponto de vista da pessoa
que está vivenciando aquilo. E pode se
dar o caso de que a pessoa em questão decida morrer. Vê a morte como um alívio do sofrimento e da
dor e quer se sentir apoiada ou ajudada em sua decisão, no caso, definitiva.
O acolhimento da eutanásia por meio da
morte assistida, embora seja humanitariamente louvável, encontra resistência na
grande maioria dos países. A França não
a admite. Na Suíça ela existe, por isso,
uma clínica em Berna é o objetivo buscado por André (André Dussolier) e sua
família, na trama de “Está tudo bem”, filme francês do diretor François Ozon.
O filme explora a dificuldade que tem
uma decisão como essa de ser aceita, assimilada pelos familiares mais
próximos. Aqui, as duas filhas de André:
Emmanuèle (Sophie Marceau) e Pascale (Géraldine Pailhas) é que estarão no
centro da história, uma vez que a cônjuge de André, Claude (Charlotte Rampling)
já não faz parte do convívio familiar.
Mas participará desse processo.
O dilema maior fica para Emmanuèle, a
filha escolhida pelo pai para encontrar um meio de viabilizar a eutanásia. Tudo se complica mais porque a narrativa
mostra uma família cheia de conflitos, de situações não resolvidas, o que,
inevitavelmente, envolverá mágoas, dissabores, rancores, decepções.
Assim, a opção derradeira pela eutanásia
humanizada pela morte assistida passará pela equação das questões familiares
acumuladas ao longo dos anos. Mas o
filme vai ao seu objetivo, mostra como se dá esse processo. Uma dama suíça vivida pela atriz Hanna
Schygulla será o elemento catalizador dessa questão.
“Está tudo bem” tem um diretor muito
competente e talentoso e um elenco magnífico.
Não só por Hanna Schygulla, grande atriz alemã de ascendência polonesa
dos filmes de Rainer Werner Fassbinder, por exemplo, mas também por André
Dussolier, um dos atores favoritos de Alain Resnais, pela ótima Charlotte
Rampling, além das atrizes que protagonizam as filhas de André, Sophie Marceau,
muito bem no papel, e Géraldine Pailhas, igualmente bem.
Essa reunião de talentos e um tema atual
e controvertido garantem o interesse pelo filme, que nos faz pensar naquilo que
costumamos evitar: o fim de nossos dias.
O título, obviamente, é irônico, já que só a morte é que poderia fazer
com que tudo ficasse bem. Apesar disso,
esse não é o melhor nem o mais provocador dos filmes de François Ozon. É uma boa realização, que merece
atenção. Já está em exibição nos
cinemas.
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