quinta-feira, 9 de junho de 2022

ESTÁ TUDO BEM

Antonio Carlos Egypto

 



ESTÁ TUDO BEM (Tout s’est bien passé).  França, 2021.  Direção: François Ozon.  Elenco: Sophie Marceau, André Dussolier, Géraldine Pailhas, Charlotte Rampling, Hanna Schygulla.  113 min.

 

 

Há momentos e situações de vida que se tornam insuportáveis ou, pelo menos, inaceitáveis, do ponto de vista da pessoa que está vivenciando aquilo.  E pode se dar o caso de que a pessoa em questão decida morrer.  Vê a morte como um alívio do sofrimento e da dor e quer se sentir apoiada ou ajudada em sua decisão, no caso, definitiva.

 

O acolhimento da eutanásia por meio da morte assistida, embora seja humanitariamente louvável, encontra resistência na grande maioria dos países.  A França não a admite.  Na Suíça ela existe, por isso, uma clínica em Berna é o objetivo buscado por André (André Dussolier) e sua família, na trama de “Está tudo bem”, filme francês do diretor François Ozon.

 

O filme explora a dificuldade que tem uma decisão como essa de ser aceita, assimilada pelos familiares mais próximos.  Aqui, as duas filhas de André: Emmanuèle (Sophie Marceau) e Pascale (Géraldine Pailhas) é que estarão no centro da história, uma vez que a cônjuge de André, Claude (Charlotte Rampling) já não faz parte do convívio familiar.  Mas participará desse processo. 

 

O dilema maior fica para Emmanuèle, a filha escolhida pelo pai para encontrar um meio de viabilizar a eutanásia.  Tudo se complica mais porque a narrativa mostra uma família cheia de conflitos, de situações não resolvidas, o que, inevitavelmente, envolverá mágoas, dissabores, rancores, decepções.

 



Assim, a opção derradeira pela eutanásia humanizada pela morte assistida passará pela equação das questões familiares acumuladas ao longo dos anos.  Mas o filme vai ao seu objetivo, mostra como se dá esse processo.  Uma dama suíça vivida pela atriz Hanna Schygulla será o elemento catalizador dessa questão.

 

“Está tudo bem” tem um diretor muito competente e talentoso e um elenco magnífico.  Não só por Hanna Schygulla, grande atriz alemã de ascendência polonesa dos filmes de Rainer Werner Fassbinder, por exemplo, mas também por André Dussolier, um dos atores favoritos de Alain Resnais, pela ótima Charlotte Rampling, além das atrizes que protagonizam as filhas de André, Sophie Marceau, muito bem no papel, e Géraldine Pailhas, igualmente bem. 

 

Essa reunião de talentos e um tema atual e controvertido garantem o interesse pelo filme, que nos faz pensar naquilo que costumamos evitar: o fim de nossos dias.  O título, obviamente, é irônico, já que só a morte é que poderia fazer com que tudo ficasse bem.  Apesar disso, esse não é o melhor nem o mais provocador dos filmes de François Ozon.  É uma boa realização, que merece atenção.  Já está em exibição nos cinemas.




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