Há bons
filmes em cartaz nos cinemas. Não falta
qualidade ou relevância a grande parte dos títulos em exibição. Vamos a alguns deles.
LOS SILENCIOS é uma coprodução da Colômbia e do Brasil,
dirigida por Beatriz Seigner, que tem no elenco Marleyda Soto, María Paula
Tabares Penã e o brasileiro Enrique Diaz.
A ação se passa numa pequena ilha situada na Amazônia, na região da
tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Peru.
Uma família que tenta escapar do conflito armado colombiano, que envolve
o governo e as Farcs, reencontra o pai e outros personagens que julgavam mortos
e convive com mistérios, que assombram o dia-a-dia daquela comunidade. O filme se utiliza de elementos fantásticos
para tratar da questão dos refugiados e dos problemas sociais daquela região,
com um esmero estético admirável.
Exibida em Cannes, conta com premiações importantes em diversos
festivais pelo mundo e no 51º. Festival de Brasília. 90 minutos.
LOS SILENCIOS |
Em TRÊS
FACES, o cineasta iraniano Jafar Panahi, que vinha sofrendo prisão
domiciliar por razões políticas, está solto e participa do filme como ator,
percorrendo uma região do país, uma aldeia nas montanhas, onde vive uma menina
que enviou um vídeo desesperador, com um pedido de ajuda, antes de anunciar que
vai se matar, pois sua família não permite que ela estude no Conservatório de
Teatro de Teerã. Quem é essa menina, sua
família, quais são as tradições do lugar e o que de fato aconteceu, é o mote da
pesquisa que ele faz com a famosa atriz Behnaz Jafari, que recebeu o
vídeo. A investigação revela o papel das
gravações em vídeo, transmitidas instantaneamente, o que pode haver por trás
delas, as manipulações e interesses a que estão sujeitas. Tudo isso, a partir de uma situação pessoal,
mas envolve uma reflexão muito mais ampla sobre o mundo digital e imagético dos
nossos dias. 100 minutos.
VIDAS DUPLAS, do talentoso e experiente cineasta francês Olivier Assayas, é um filme
sobre troca de infidelidades inesperadas e que surpreendem. Sim, mas
também é sobre as questões editoriais e literárias que se colocam diante da
revolução digital. É seu tema, também, até onde a ficção é criação
ou está muito calcada na vida de seu criador, a ponto de se tornar
indisfarçável. E sobre o direito dos retratados “ficcionalmente”,
que se veem expostos, de fazerem exigências, impedir a publicação e outras
coisas mais. Que papel tem o livro físico no presente e no
futuro? A leitura digital resistirá ao tempo, como o livro
resiste? Enfim, são muitas faces de uma trama afeita mais aos
intelectuais do que ao público em geral. Talvez nem tanto na França,
que cultiva e discute os livros e a literatura muito mais do que
nós. O filme é bem feito e tem bom humor. Destaque para
uma cena divertida, metalinguística, que envolve a personagem de Juliette
Binoche, onde ocorre uma especulação sobre a atriz Juliette Binoche. 107 min.
VIDAS DUPLAS |
AMOR ATÉ AS CINZAS, de Jia Zhang-Ke, grande diretor chinês da atualidade, não está entre
seus trabalhos mais elaborados ou empolgantes. Mas a história de
amor e conflito que atravessa décadas, em meio a disputas de gangues rivais,
separação, prisão e retorno em outro momento e situação de vida, está longe de
ser desinteressante. Até porque traz as contradições da China como pano de
fundo. Tem um elenco eficiente, é bem filmada e suscita algumas
reflexões. É que a gente acaba esperando mais dele, mas é um bom
trabalho, não há dúvida.137 min.
O
GÊNIO E O LOUCO, dirigido por Farhad Safinia, nascido no
Irã, trabalhando nos Estados Unidos, conta uma história muito interessante e
real, envolvendo o professor James Murray (Mel Gibson) e o doutor W. C. Minor
(Sean Penn), esquizofrênico, que juntos tocaram um dos maiores projetos do
mundo. Foi o da criação do dicionário
Oxford, o primeiro da língua inglesa, que incluiria todas as palavras do
idioma, suas variantes e significados, a partir do uso coloquial e dos textos
literários escritos até 1857, quando o trabalho começou. Os dois personagens centrais têm seus
próprios dramas e são bastante distintos entre si, interpretados por dois
grandes atores. Isso segura um filme
que, a princípio, não teria apelo popular.
No entanto, funciona bem e interessa ao público. Vale a pena conhecer essa história. 125 minutos.
O GÊNIO E O LOUCO |
O ANJO, direção e roteiro de Luís Ortega, indicado pela Argentina para
concorrer ao Oscar de filme estrangeiro, é uma ficção baseada em fatos
reais. Mostra que crimes bárbaros podem ser praticados não só por
psicopatas estranhos, mas por gente jovem, bonita e capaz de expressões
emocionais. É o caso do adolescente Carlitos, o anjo loiro da morte,
que revelou grande talento para cometer crimes. O filme não vai
muito além disso, mas é bem realizado.118 minutos.
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