NO PORTAL DA ETERNIDADE (At Eternity Gate). Reino
Unido/França, 2018. Direção: Julian
Schnabel. Com Willem Dafoe, Mads Mikkelsen, Emmanuelle Seigner, Rupert
Friend, Oscar Isaac, Mathieu Amalric. 111
min.
A obra pictórica de Vincent Van Gogh
(1853-1890) é impressionante, revolucionou a pintura, se tornou uma quase
unanimidade ao longo do tempo. Foi
praticamente ignorada, porém, enquanto ele estava vivo. Recebeu algum reconhecimento crítico, mas
nenhum êxito econômico. Consta que,
apesar dos esforços do dedicado irmão Theo, nem um único quadro foi vendido até
sua morte.
Isso já é suficiente para despertar o
interesse pelo personagem, mas sua vida solitária, desencontrada, com lances de
loucura, como o corte da orelha, dificuldades no convívio, rejeição da
comunidade, sombras sobre a sua morte, tornam tudo mais misterioso e sedutor.
Não por acaso, o cinema dedicou vários filmes
importantes a Van Gogh, começando por um curta de Alain Resnais, de 1948,
passando por “Sede de Viver”, de Vincent Minnelli, de 1956, com Kirk Douglas
vivendo o pintor. Mais dois filmes
praticamente simultâneos, “Vincent & Theo”, de Robert Altman, protagonizado
por Tim Roth, em 1990, e o ótimo “Van Gogh”, de Maurice Pialat, com Jacques
Dutronc, no papel principal, em 1991. Em
2017, uma animação adulta com as obras e o final da vida do pintor, fez sucesso
nos cinemas: “Com Amor, Van Gogh”, de Dorota Kobiela e Hugh Weichman.
Agora, é o diretor estadunidense, e também pintor,
Julian Schnabel quem volta ao personagem, em outro belo filme sobre o período
final da vida de Van Gogh, “No Portal da Eternidade”. O mistério dessa vida aqui vai ser explorado
não só na beleza de suas obras, mas na natureza, tão essencial à sua pintura,
mostrada com exuberância e sofisticação visual.
Buscará também uma reflexão sobre a relação da obra
com o criador, o significado da arte, a determinação quase impositiva do
talento criativo. Algo que tem de se
expressar de forma borbulhante, explosiva, que não tem como ser contido. Que seria isso, afinal? Dom, destino, missão, loucura?
Willem Dafoe faz o personagem com grande força
interpretativa e alcançando uma similaridade com a figura conhecida do pintor,
que impressiona. Tanto que concorre, uma
vez mais, ao Oscar de ator. Tem chance
de levar.
O elenco é todo cheio de talentos conhecidos. São intérpretes experientes, que dão suporte
consistente à narrativa de Schnabel, que já dirigiu “O Escafandro e a
Borboleta”, um êxito de 2007, e outro filme sobre um pintor, “Basquiat – Traços
de uma Vida”, de 1996.
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