VICE
(Vice). Estados Unidos, 2018. Direção e roteiro: Adam McKay. Com
Christian Bale, Emy Adams, Steve Carrel, Sam Rockwell. 132 min.
Após os ataques terroristas sofridos pelos
Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, o país entrou em estado de
guerra. Mas guerra contra quem? Pesquisas indicavam que grande parte da
população só entendia a guerra contra
algum país. Era preciso nomear o
inimigo. Simples. O vice Dick Cheney teria decidido eleger o
Iraque de Saddam Hussein para invadir, criando a mentira das armas de
destruição químicas que lá existiriam.
Uma escolha fácil de ser aprovada pelo presidente George W. Bush, ainda
mais com a cobiça por tanto petróleo.
Ninguém se importando com a democracia, muito menos com o respeito aos
princípios de não-intervenção, nem com as vidas humanas aí envolvidas.
VICE |
Essa é uma das muitas sequências de “Vice”,
escrito e dirigido por Adam McKay. Por
meio dela, pode-se sentir por onde andará o filme que pretendeu fazer uma
cinebiografia de um político abominável, poderoso e controverso, como Dick
Cheney. O tom é satírico, irônico, às
vezes dramático, às vezes cômico. Mas,
na verdade, trágico, porque o que estava envolvido na política norte-americana
e mundial daquele período não era outra coisa.
E não melhorou nada, diga-se de passagem.
Sabemos nós muito bem da importância que pode
ter um vice-presidente na história da República. É só lembrar de João Goulart, José Sarney, Itamar
Franco, Michel Temer. E Dick Cheney
jamais se queixaria de ser um vice decorativo.
Ele negociou sua entrada na chapa de Bush, desde o primeiro momento,
garantindo amplos poderes. E, segundo o
filme, dominou o governo e o presidente, deixando um legado lamentável. Lembra os seus dias de fracasso e alcoolismo,
antes de encontrar seu caminho na política.
O que foi feito de forma fortuita e pragmática, nem de leve sustentado
por eventuais bandeiras ideológicas do Partido Republicano. Não lhe faltaram mestres nessa cultura do
cinismo e do interesse próprio. Mas,
muitas vezes, os alunos superam seus mestres.
Christian Bale está muito bem, quase
irreconhecível, como Dick Cheney, em diferentes épocas da vida do
personagem. Já levou o Globo de Ouro como
melhor ator (comédia ou musical) e está cotado para o Oscar 2019. O filme tem, no total, 8 indicações. Não é o meu favorito. “Roma”, de Alfonso Cuarón, e “Infiltrado na
Klan”, de Spike Lee, têm muito mais méritos, mas quem disse que o Oscar se mede
pelo mérito?
A
FAVORITA
A FAVORITA, (The Favourite), direção do cineasta grego Yorgos Lanthimos, com
Emma Stone, Olivia Colman, Raquel Weisz, Nicholas Hoult, é uma produção de
época com filmagem sofisticada, hiperbólica, mas visualmente muito bonita e que
adentra o terreno do reino inglês em guerra com a França, mostrando não só
ambientes, comportamentos, roupas, mas sobretudo o perverso jogo amoroso e de
poder. Uma rainha, sua dama favorita e
uma serva que decaiu da condição que já teve de dama, travam uma disputa de
luxúria e destruição, que escancara as entranhas da monarquia britânica do
início do século XVIII. Passa longe das
edulcoradas narrativas que glamourizam uma vida que, segundo o filme, tem
sordidez de sobra. Boa trilha musical e
um trabalho de som que, por sua precisão e intensidade, ao longo da projeção,
chamam muito a atenção. A produção
envolve Reino Unido, Irlanda e Estados Unidos. Agradou a Academia de Hollywood,
está concorrendo a 10 Oscar. 120 min.
Glenn Close em A ESPOSA |
A ESPOSA
A ESPOSA (The
Wife), dirigido pelo sueco Björn Runge, também coloca a mulher em primeiro
plano, mostrando como, quando ela fica por trás do homem famoso, no caso, um
escritor que vai receber o Prêmio Nobel de Literatura, tudo pode não passar de
uma farsa. Desempenho absolutamente
notável de Glenn Close, que tem tudo para levar o Oscar de atriz. O filme é bom, mas não chega a empolgar. 101
min.
GREEN
BOOK – O GUIA
GREEN BOOK – O GUIA (Green Book), dirigido por Peter Farrely, trata da questão racial no
sul dos Estados Unidos, em 1962. Naquele
tempo, o preconceito e as restrições contra os negros eram escancarados e as
leis vigentes corroboravam isso. Um
absurdo, que merece ser lembrado. No
mais, o vínculo que se cria entre um motorista branco pobre e um pianista
negro, rico e sofisticado, vai na linha de filmes como “Os Intocáveis”,
“Conduzindo Miss Daisy”, de relações improváveis, que acabam por vingar. O que vale é o contexto, embora os dois
protagonistas sejam muito bons: Viggo Mortensen e Mahershala Ali. Tem 5 indicações ao Oscar 2019. 130 min.
GREEN BOOK |
PODERIA
ME PERDOAR?
PODERIA ME PERDOAR? (Can You Ever Forgive Me?), da diretora estadunidense Marielle
Heller, tem no elenco Melissa McCarthy,
Richard Grant e Dolly Wells. Relata, de
uma forma clássica, uma história composta de fatos reais que são
surpreendentes. Uma ótima escritora de
biografias, que já foi famosa, enfrenta as consequências das novas expectativas
de mercado que, na prática, a excluem.
Escrever bem ela sabe, e em diferentes estilos, porém, para sobreviver,
ela usa esse talento de forma criminosa, ganha um bom dinheiro e acaba se
saindo bem, computando-se tudo o que aconteceu com ela. Vale porque é uma boa história, com um elenco
muito bom. Concorre a 3 Oscar (atriz,
ator e roteiro). 107 min.
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