terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

NO PORTAL DA ETERNIDADE

Antonio Carlos Egypto





NO PORTAL DA ETERNIDADE (At Eternity Gate).  Reino Unido/França, 2018.  Direção: Julian Schnabel.  Com Willem Dafoe, Mads Mikkelsen, Emmanuelle Seigner, Rupert Friend, Oscar Isaac, Mathieu Amalric.  111 min.


A obra pictórica de Vincent Van Gogh (1853-1890) é impressionante, revolucionou a pintura, se tornou uma quase unanimidade ao longo do tempo.  Foi praticamente ignorada, porém, enquanto ele estava vivo.  Recebeu algum reconhecimento crítico, mas nenhum êxito econômico.  Consta que, apesar dos esforços do dedicado irmão Theo, nem um único quadro foi vendido até sua morte.

Isso já é suficiente para despertar o interesse pelo personagem, mas sua vida solitária, desencontrada, com lances de loucura, como o corte da orelha, dificuldades no convívio, rejeição da comunidade, sombras sobre a sua morte, tornam tudo mais misterioso e sedutor.




Não por acaso, o cinema dedicou vários filmes importantes a Van Gogh, começando por um curta de Alain Resnais, de 1948, passando por “Sede de Viver”, de Vincent Minnelli, de 1956, com Kirk Douglas vivendo o pintor.  Mais dois filmes praticamente simultâneos, “Vincent & Theo”, de Robert Altman, protagonizado por Tim Roth, em 1990, e o ótimo “Van Gogh”, de Maurice Pialat, com Jacques Dutronc, no papel principal, em 1991.  Em 2017, uma animação adulta com as obras e o final da vida do pintor, fez sucesso nos cinemas: “Com Amor, Van Gogh”, de Dorota Kobiela e Hugh Weichman. 

Agora, é o diretor estadunidense, e também pintor, Julian Schnabel quem volta ao personagem, em outro belo filme sobre o período final da vida de Van Gogh, “No Portal da Eternidade”.  O mistério dessa vida aqui vai ser explorado não só na beleza de suas obras, mas na natureza, tão essencial à sua pintura, mostrada com exuberância e sofisticação visual.




Buscará também uma reflexão sobre a relação da obra com o criador, o significado da arte, a determinação quase impositiva do talento criativo.  Algo que tem de se expressar de forma borbulhante, explosiva, que não tem como ser contido.  Que seria isso, afinal?  Dom, destino, missão, loucura?

Willem Dafoe faz o personagem com grande força interpretativa e alcançando uma similaridade com a figura conhecida do pintor, que impressiona.  Tanto que concorre, uma vez mais, ao Oscar de ator.  Tem chance de levar.

O elenco é todo cheio de talentos conhecidos.  São intérpretes experientes, que dão suporte consistente à narrativa de Schnabel, que já dirigiu “O Escafandro e a Borboleta”, um êxito de 2007, e outro filme sobre um pintor, “Basquiat – Traços de uma Vida”, de 1996. 







Nenhum comentário:

Postar um comentário