sexta-feira, 30 de novembro de 2018

ROBIN HOOD, A ORIGEM

  Antonio Carlos Egypto





ROBIN HOOD, A ORIGEM (Robin Hood).  Estados Unidos, 2018.  Direção: Otto Bathurst.  Com Taron Egerton, Jamie Foxx, Ben Mendelsohn, Eve Hewson, Jamie Dornan.  116 min.


O herói inglês Robin Hood, o príncipe dos ladrões, o que roubava dos ricos para dar aos pobres, é um personagem fascinante que sempre atraiu o interesse da literatura e do cinema.  Também conhecido como Robin dos Bosques, em Portugal, o Roberto do Capuz (Hood) teria vivido na Idade Média no tempo das Cruzadas, nos séculos XII ou XIII, sendo contemporâneo do rei Ricardo Coração de Leão. O capuz servia para lhe possibilitar a dupla identidade: Robert Locksley, um nobre, e Robin Hood, o ladrão que tomava para si e para o seu grupo de colaboradores a função de redistribuir melhor a riqueza em seu condado.  Seu habitat, a floresta de Sherwood.

O filme “Robin Hood, a Origem”, dirigido por Otto Bathurst, com Taron Egerton no papel do herói, afirma no pôster de divulgação que “a lenda você conhece, a história, não”, daí o subtítulo “A Origem”.  Como assim?  Que história, que origem?  Cada texto literário ou filme conta a sua, é o que mantém a lenda, o mito vivo, desde os anos 1300, diga-se.

Por que voltar a Robin Hood no cinema, depois de ele ter sido tão fartamente explorado, e vivido por grandes atores, a partir do clássico de 1938, com Errol Flynn?  John Derek, em 1950, Sean Connery e Kevin Costner, em 1976, Russel Crowe, em 2010, para citar apenas alguns.  Sem esquecer o registro de comédia, de Renato Aragão e os Trapalhões, em dois filmes dos anos 1970.




O que “Robin Hood, a Origem” faz é colocar o personagem a serviço do formato   blockbuster  hollywoodiano, o superespetáculo cheio de tecnologia, efeitos especiais, muita ação, muita luta, explosões.  O de sempre.  Idade Média do século XXI.  É só observar as flechas de design   superavançado disparadas como metralhadoras de precisão.  Como sempre, o herói resiste a tudo nas situações mais absurdas e inverossímeis.  Tudo em nome do espetáculo, do entretenimento.

Para conseguir curtir esse tipo de espetáculo, é indispensável deixar completamente de lado o espírito crítico e distanciar-se do cotidiano da vida.  Isso, apesar das evidências sociais e políticas do tema central e de o personagem se tornar um revolucionário, incentivador da ação das massas.  Aí pode ser um refresco encarar a aventura do homem medieval do capuz que, na verdade, parece ahistórico, fora do tempo.  Mais ou menos como dar um tempo em acompanhar o noticiário de jornais, TV, Internet, para poder suportar um dia a dia cada vez mais preocupante e assustador.

É o velho e conhecido escapismo que, nos dias atuais, se permite críticas e ironias a grupos e instituições, como neste caso a igreja, que serve de sustentáculo a uma política opressora que asfixia a população, por meio de impostos de guerra cada vez mais escorchantes.


A luta do bem e do mal, no entanto, segue os ditames do mercado.  E, com a malandragem habitual, coloca no fim a cena que dará início ao próximo filme da série “Robin Hood”.  Se houver, se o público comprar.




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