Tatiana Babadobulos
Lincoln. Estados Unidos, 2012; Direção: Steven Spielberg. Roteiro: Tony Kushner; Com: Daniel Day-Lewis, Sally Field, David Strathairn. 150 minutos
Apesar de ser conhecido por seus blockbusters, como “ET – O Extraterrestre” (1982), “Tubarão” (1975), “As Aventuras de Tintim” (2011), entre outros, Steven Spielberg também se interessa em fazer filmes que não sejam simples entretenimento, mas que tenham contextos históricos. Foi o caso, por exemplo, de “A Lista de Schindler” (1993), sobre o empresário alemão que salvou a vida de mais de mil judeus durante o Holocausto. Há também “Munique” (2005). O filme narra a retaliação do governo israelense ao ataque do grupo palestino que matou atletas de Israel durante a Olimpíada de 1972.
Este ano, a novidade do cineasta é “Lincoln”, longa-metragem sobre a vida do ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln, que luta para pôr fim à escravatura. Na trama, 11 estados querem se separar nos Estados Unidos. Quando o sul e o norte foram colocados em lados opostos, o país, pronto para assumir lugar de destaque no cenário econômico e político mundial, acabou contraindo uma guerra, pois questões internas freavam o crescimento.
A Guerra da Secessão, que veio para decidir qual caminho os Estados Unidos deveriam seguir – o escravocata do sul, ou o cosmopolita e industrial do norte –, tem início em 1861. Foi a guerra mais sangrenta daquele país – deixou mais de 600 mil mortos, civis e militares.
Tal como em “Django Livre”, de Quentin Tarantino, o longa mostra os negros escravos. Aqui, embora o presidente dê atenção a eles, o foco é na política e na 13ª Emenda que ele pretende passar na Câmara para libertar os escravos, e não exatamente nos maus tratos que os escravos recebem, como em “Django Livre”, que estreou na semana passada.
O longa também mostra como Lincoln era dentro de casa, no difícil relacionamento com a mulher (Sally Field) e com o filho (Joseph Gordon-Levitt). O jovem queria se alistar para lutar na guerra, por questão de honra, mas a mãe é contra a perda do filho.
Daniel Day-Lewis transita de maneira extraordinária pelos papéis de pai de família e de presidente, mostra que sabe o que está fazendo e, sobretudo, convence o espectador.
A primeira hora de “Lincoln” é bastante lenta, com muitos diálogos, negociações, discussões políticas. Spielberg, porém, tem uma boa história para contar. Outro defeito de sua produção é a constante contagem no tempo, com letreiro que informa o dia de determinadas sequências. Em se tratando de um filme histórico até que se justifica, mas os episódios são do século 19, ninguém mais lembra como os fatos se sucederam com exatidão…
Em uma das sequências, o espectador percebe que o presidente, republicano tal como o ex-presidente George W. Bush, também tem o seu “jeitinho” para passar a Emenda que pretende na Câmara, com o cálculo dos votos necessários, por exemplo.
A ideia de contar a Guerra da Secessão no cinema não é nova. Outros filmes já tocaram no assunto, começando pelos clássicos “O Nascimento de uma Nação” (1915) e “E o Vento Levou…” (1939). Entre os mais recentes, “Dança com Lobos” (1990), “Cold Mountain” (2003).
Pela obra, que estreia nesta sexta-feira, 25, nos cinemas brasileiros – mas foi apresentada no ano passado no país de origem –, Spielberg recebeu indicações ao Globo de Ouro e ao Oscar. Na primeira premiação, realizada no dia 13, recebeu sete indicações, mas só levou um prêmio – Melhor Ator, para Daniel Day-Lewis. Já para o Oscar, o longa teve o maior número de indicações – 12 no total. O resultado só será conhecido no dia 24 de fevereiro.
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