quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

As Aventuras de Tintim


 Tatiana Babadobulos

As Aventuras de Tintim (The Adventures of Tintim, The Secret of the Unicorn). Estados Unidos e Nova Zelândia, 2011. Direção: Steven Spielberg. Roteiro: Steven Moffat e Edgar Wright. Com vozes de: Jamie Bell, Daniel Craig, Andy Serkis, Simon Pegg e Nick Frost. 107 minutos.



A estreia no Brasil de “As Aventuras de Tintim” (“The Adventures of Tintin, The Secret of the Unicorn”) já vem com um “carimbo” a mais. Isso porque o longa-metragem ganhou, no domingo, 15, o Globo de Ouro na categoria Animação, deixando para traz filmes como “Operação Presente”, “Rango”, “Carros 2” e “Gato de Botas”.

A fita é baseada em três volumes do graphic novel escrito pelo belga Hergé, sobre um jovem repórter chamado Tintim e seu cachorro terrier, Milu: “O Caranguejo das Tenazes de Ouro” (“The Crab With the Golden Claws”), “O Segredo do Licorne” (“The Secret of the Unicorn”) e O Tesouro de Rackham o Terrível (“Red Rackham’s Treasure”).

Embora longas de animação feitos por computador atualmente não sejam novidade nenhuma no cinema, o diretor Steven Spielberg e o produtor Peter Jackson (da trilogia “O Senhor dos Anéis”) recorreram à técnica de captura dos movimentos, campo, aliás, no qual Jackson conhece muito bem. Isso porque a mesma técnica fora usada nos três filmes dele, bem como no seu “King Kong”, além de produções de outros diretores, como “Avatar”, de James Cameron.

A técnica funciona com ajuda do ator: ao interpretar seus movimentos, sensores no seu corpo registram cada músculo e, então, transmitem ao computador de modo que, aí sim, aquele “esqueleto” possa ser vestido com a “pele” pretendida.

A aventura começa quando o repórter, com a ajuda de seu cachorro, percebe que um antigo navio contém um segredo. É aí que Tintim (Jamie Bell, de “Billy Elliot”) se vê na mira de Ivanovitch Sakharin (com voz de Daniel Craig, na versão original), porque acredita que o jornalista roubou um tesouro ligado a um velho pirata cruel chamado Rackham, o terrível. Além de Milu, Tintim segue na aventura ao lado do capitão Haddock (Andy Serkis, de “Planeta dos Macacos – A Origem”), um verdadeiro beberrão movido a álcool, e dos atrapalhados detetives Dupond & Dupont (Simon Pegg e Nick Frost, impagáveis!).

Com abuso da tecnologia, o longa é ilustrado por um lindo visual e cenas engraçadas, como a que envolve o simpático terrier e o feroz rottweiler.

As sequências de ação são bem construídas, e se misturam às canções de John Williams, cuja parceria com Spielberg já é de longa data. Os dois trabalharam juntos, por exemplo, em filmes como o recente “Cavalo de Guerra”, “A Lista de Schindler”, “O Resgate do Soldado Ryan” e por aí afora.


Os agentes da polícia fazem as vezes cômicas da fita, principalmente porque são pra lá de atrapalhados. Ao final, pistas para uma nova aventura. Com a chancela do Globo de Ouro, e com a probabilidade enorme de ser indicado ao Oscar (a lista completa dos concorrentes será divulgada pela Academia de Artes e Ciência Cinematográfica de Hollywood no dia 24), é bastante provável que uma continuação já esteja sendo colocada no papel. Ou melhor, tirada do papel!

“As Aventuras de Tintim” é um filme para toda família, ainda que os adultos irão se divertir ainda mais com as piadas. Mesmo quem não leu as tirinhas pode aproveitar, pois esta é uma forma encontrada por Spielberg e Jackson, grandes fãs dos livros, para que as pessoas se familiarizarem com uma grande obra que mistura mistério, comédia e amizade.

Caso conheça os livros, é possível que o espectador reclame que as três histórias tenham sido condensadas demais na película, o que é normal em adaptações. De qualquer maneira, o ritmo tem o ponto certo: o mistério permanece durante muito tempo e não há minutos perdidos com o “lenga-lenga”.

Escolha uma poltrona confortável no cinema e aproveite a experiência, que pode se tornar ainda mais incrível caso a sala seja, por exemplo, uma gigante em três dimensões.

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