terça-feira, 15 de junho de 2010

A JOVEM RAINHA VITÓRIA


Antonio Carlos Egypto

A JOVEM RAINHA VITÓRIA (The Young Victoria). Inglaterra/Estados Unidos, 2009. Direção: Jean Marc Vallée. Com Emily Blunt, Rupert Friends, Paul Bettany, Miranda Richardson. 100 min.

As histórias da monarquia britânica sempre renderam produções atraentes, com grande potencial comercial. As figuras reais, suas histórias, seus amores, seus gostos, seus hábitos, suas vestes, suas idiossincrasias, suas insanidades, tudo parece interessar muito ao público. E, na forma de jornalismo, literatura, teatro, música, pintura e, obviamente, cinema, sempre foram largamente consumidos esses produtos artísticos. Ou nem tanto, já que revistas de fofocas não almejam esse status, por exemplo. E tabloides sensacionalistas poderiam ser considerados jornalismo?

Bem, seja como for, o cinema sempre se fartou desse tipo de drama histórico, muitos filmes se esmerando em produções requintadas, que recriam o clima e o ambiente da época e as extravagâncias dos espaços das realezas, em todas as épocas.

“A Jovem Rainha Vitória” não é nada diferente disso. É mais do mesmo. Retrata a meninice e a adolescência da futura rainha, protegida pela mãe, que a obrigava a receber apoio até mesmo para descer prosaicas escadas do palácio. A mãe era manipulada por seu companheiro, padrasto de Vitória, que tinha ambições de poder e tentou instalar-se como regente, sem sucesso. Vitória já sabia o que queria e não assinou a cessão da regência. Sobreveio a morte do tio, o rei Guilherme IV, quando ela tinha de 17 para 18 anos. E por aí vêm os primeiros turbulentos anos da rainha Vitória, que teve o mais longo reinado do Reino Unido (viveu até os 80 anos). E, é claro, o seu arrebatador e eterno romance com o príncipe Albert.

Essa história já foi contada muitas e muitas vezes, incluindo-se o cinema entre os seus veículos. Por que voltar a ela outra vez? Quem sabe, para exercer uma análise crítica desse longo período vitoriano, sua prosperidade, suas repressões e controles que marcaram o espírito inglês? Ou para reciclar a figura da rainha e de seu amado príncipe consorte, possibilitando uma revisão histórica do período? Nada disso, a rigor. É mesmo mais do mesmo, com detalhes sutis na caracterização dos personagens.

A figura de um príncipe Albert discreto, delicado, escrupulosamente respeitador, e uma Vitória que oscila entre o despreparo da imaturidade e uma certa consciência feminina dominadora, que deve ter marcado o seu caráter e o período do seu reinado, aparecem nessa caracterização. Mas nem por isso o filme se presta a maiores reflexões históricas.
Jean Marc Vallée, que dirigiu antes o simpático “CRAZY”, fez aqui um filme bonito, a produção é caprichadíssima. Mas o que se destaca é a direção de arte, assim como a maquiagem e os figurinos, os três com indicações ao Oscar. Levou o de figurino, lindíssimo, merecido.

É um filme convencional, leve, que se vê com prazer, se se deixar de lado qualquer pretensão maior. Afinal, pode ser muito repousante passar um tempo circulando pelos palácios e belezas da realeza. É ou não é?

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