Antonio Carlos Egypto
TUDO
SOB DESCONTROLE (En Roue Libre). França, 2022.
Direção: Didier Barcelo. Elenco:
Marina Fois, Benjamin Voisin, Jean-Charles Clichet, Albert Delpy, Jean-Pierre
Martins. 88 min.
Um road-movie em tom de comédia é o que
define “Tudo Sob Descontrole”, dirigido por Didier Barcelo. Os personagens centrais são Louise (Marina
Fois) e Paul (Benjamin Voisin), que se encontram em uma circustância
inusitada. Ela, uma senhora, vivendo uma
situação de síndrome do pânico, sem conseguir sair do seu próprio carro por
nada. Sofre uma tentativa de assalto por
parte dele, o jovem Paul, e por aí eles vão, surpreendentemente, conviver ao
longo do filme, a viver juntos situações estranhas e inesperadas.
O
filme não é engraçado pelo que gera de figuras e situações que entram na
história, mas essencialmente por tratar de temas sérios na base da brincadeira,
sem lhes dar a importância devida. É o
caso do que acontece à personagem Louise.
Afinal, síndrome do pânico é uma coisa delicada e dolorida, mas uma
mulher madura que não consegue sair do seu carro de forma absoluta, haja o que
houver, arrisca tudo. E tem de resolver
muitas questões práticas, como se alimentar, fazer xixi, atender à determinação
do guarda de trânsito para descer, esconder-se do próprio ladrão que quer levar
seu carro, lidar com uma arma que aparece, etc., etc..
Para
completar, ao longo da travessia, Paul, que virá a ser o par de Louise na
aventura, chega a sequestrar um psiquiatra/psicanalista que deve, em pouco
tempo, resolver o trauma dela dentro do carro.
E o pior é que ele até consegue.
Um quase milagre psicanalítico, obtido por uma situação de pressão e
risco, ou seja, continua tudo sendo tratado sem cerimônia alguma, como é
admissível numa comédia.
Paul, por seu lado, quer se vingar da morte do
irmão, indo a um local, com essa intenção, armado. Mas tudo acontece no meio do caminho e,
quando chega lá, ... Quem assistir,
verá. A vida é sempre mais complicada e
talvez mais divertida do que a gente pensa.
Os
caroneiros da viagem, uma mulher com hipersensibilidade a celulares, um homem
velho, que para sempre para mijar, atrasam a travessia que, no final das
contas, não tem realmente importância nenhuma.
A
solução da crise do pânico de Louise chega a ser cantada e, então, previsível,
mas é bem bolada. Enfim, um filme que
fala de assuntos sérios com toda a leveza possível, transformando-os em
brincadeira, serve bem ao entretenimento.
Até a diferença etária entre os protagonistas não pesa. Como o restante, não tem importância
nenhuma. Vai pouco além da diferença de
gostos musicais e de modos de expressão.
A dupla de ator e atriz, Marina Fois e Benjamin Voisin, segura bem o
filme. Se tentassem ser realmente
engraçados, hilários, creio que não funcionaria. Vão bem como figuras estranhas e improváveis,
sem qualquer pretensão maior do que a de questionar a aparente seriedade de
todas as coisas. Que, na verdade, não
importa, o acaso supre. Ou uma ideia
maluca que se ponha em prática. Deixe a
vida me levar, como diria Zeca Pagodinho, é um bom lema para “Tudo Sob
Descontrole”.
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